Favelas do Rio de Janeiro chegam a 439 casos de recuperação do COVID-19

Foto destaque do Morador da Vila Kennedy, Clébio, recebendo alta do hospital

Os números do coronavírus seguem crescendo no Brasil, que já tem mais de 332 mil casos confirmados. Nas favelas do município do Rio de Janeiro já são 735 casos, segundo o painel atualizado com dados da Prefeitura. Entretanto, entre pessoas que fizeram ou não o teste, o painel já contabiliza 439 casos que não estão mais com os sintomas e encontram-se recuperados.

Douglas Santiago

Um dos recuperados é Douglas Santiago, morador da comunidade das Furnas, no Alto da Boa Vista. Os primeiros sintomas vieram no início de abril: febre, corpo fraco e cansaço extremo. “Chegou ao ponto de tomar banho e já ficar ofegante”, relata. Após dois dias com os sintomas se mantendo, a ida ao médico e o diagnóstico de Covid-19. 

Recuperados por favela do Rio de Janeiro

Teste 3

Como todos sabem, não temos medicamento ainda para essa doença. Como tenho idade boa, pediram pra que eu ficasse de quarentena em casa. Fiquei com os sintomas durante 13 dias, depois fiquei bem durante três dias, quando a contaminação evoluiu para uma pneumonia que durou mais dez dias. O mês de abril foi muito difícil para mim, achei que não ia resistir, o corpo estava muito fraco. As notícias não paravam de piorar na tv. Foi uma guerra, mas Graças Deus eu consegui vencer”, afirmou Douglas.

A página VOZ da Vila Kennedy relatou, nesta sexta-feira (22), que mais um morador da região se recuperou do coronavírus e teve alta do hospital. Clébio, de 65 anos, ficou 29 dias internado, sendo sete entubado no CTI.

Recuperação mesmo sem teste

A realidade nas favelas é que faltam testes para atender a demanda de casos suspeitos. Em abril, a Clínica da Família Zilda Arns, no Complexo do Alemão, chegou a ter mais 800 pacientes com suspeita de Covid-19. Um dos pacientes com suspeita que não fizeram teste foi João Victor, morador do morro do Adeus, no Complexo do Alemão. O jovem de 23 apresentou todos os sintomas da contaminação por Covid-19 e seguiu as orientações dos profissionais da saúde que conversou, se isolando em casa.

João Victor

Tudo isso durou 17 dias. Eu não fiz o teste, mas perguntei aos médicos se eu teria que comparecer a uma unidade de saúde para fazer, porque meus pais também tiveram o mesmo sintomas. Como não estamos no grupo de risco, fui aconselhado a não fazer o teste porque os hospitais estavam recebendo poucas unidades, que eram direcionadas para pacientes de risco ou quadros mais graves. Todo dia eu falava com os médicos, que me orientavam a beber bastante água e tomar remédios para combater os sintomas. Depois de sete dias os sintomas começaram a desaparecer”, relatou João.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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