Favelas de São Gonçalo criam movimento contra o coronavírus

Quatro organizações de diferentes regiões de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, estão se unindo para elaborar e distribuir...

Quatro organizações de diferentes regiões de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, estão se unindo para elaborar e distribuir kits de higiene e cestas básicas para a população mais carente do município durante a pandemia do coronavírus.

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou na última sexta-feira (27) o quinto caso de coronavírus na cidade. O número de casos suspeitos, que até semana passada era de 380, aumentou para 660.

Quatro organizações comunitárias (Nós por Nós – Por Mais Direitos e Menos Desigualdade Social (NPN)Por Gentileza, Comunidade Viva e Isoporzinho da Prevenção) se juntaram e criaram a rede #NaMinhaFavelaNão, com o apoio do coletivo África em Nós.

Teste 3

A iniciativa busca arrecadar detergente, água sanitária, sabonete, sabão em barra, sabão em pó e alimentos, além de valores em dinheiro via depósito, para ajudar a população das favelas a atravessar a crise provocada pela Covid-19.

A quarentena tem mudado os hábitos também dos comerciantes locais. De acordo com moradores do bairro Jardim Catarina, mercados estão parando as pessoas na porta para que higienizem as mãos e os carrinhos de compra com álcool. Além disso, farmácias toparam ser ponto de arrecadação do movimento #NaMinhaFavelaNão.

“O movimento não fica restrito só a nós que tivemos a iniciativa, queremos e precisamos do apoio de quem se interessar”, diz Emerson Rodrigues, 23, representante do Nós por Nós, que atende a comunidade do Jardim Catarina. “Muitas vezes, pensamos que estamos passando por dificuldade, mas tem pessoas que enfrentam situações de extrema pobreza e que precisam muito mais de ajuda. O intuito é tentar fazer com que o pouco que sobra de alguém se torne muito pra quem não tem nada”.

Segundo Thamiris Santos, 28, idealizadora do Por Gentileza, projeto que atende a região onde fica o antigo lixão de Itaoca, as doações serão feitas de maneira a reduzir o risco de contaminação pelo novo coronavírus.

“As entregas serão feitas com equipes reduzidas e equipamentos de prevenção para evitarmos aglomerações e possíveis contágios. Pretendemos fazer uma entrega rápida para logo voltarmos para casa”.

De acordo com Kássia Rapella, 30, representante do Comunidade Viva e do Isoporzinho da Prevenção, que atende a área de Neves, o comércio da região também aderiu ao uso de álcool para os clientes e ao de luvas e máscaras para funcionários.

Com as medidas de isolamento social, porém, muitas famílias da região ficaram sem renda. “As pessoas que a gente atende em Neves dependem da circulação da cidade para fazer renda. Algumas são analfabetas, têm escolaridade baixa ou vivem em condições precárias”, diz Kássia. “Há guardadores de carro, pessoas que limpam o quintal dos outros, entre outros serviços autônomos que dependem de movimento nas ruas”.

As doações de itens de higiene e alimentos são recebidas em pontos de arrecadação no Jardim Catarina, em São Gonçalo: Chic Farma (Avenida Albino Imparato, 866, entre as ruas 17 e 18), Drogarias Moreira (Avenida Albino Imparato, Lt 15 Qd 129, ao lado do SuperMarket) e Drograrias Pratodos (Avenida Albino Imparato, 1.450, em frente à praça da Lona Cultural).

Doações em dinheiro são recebidas nas contas abaixo:

  • Banco do Brasil: ag. 0072-8, conta 95928-6, Kassia Fonseca Rapella
  • Banco Itaú: ag. 7769, conta 16229-3, Symone Cordeiro dos Santos Azevedo
  • Banco Bradesco: ag. 2034, conta 0004839-9, Nelson Luis Gonçalves Costa
  • Banco: Caixa Econômica Federal, ag. 0889, conta poupança 02300008992-7, Symone Cordeiro dos Santos Azevedo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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