A morte é mãe do medo e o medo é pai de Deus… Esta é a árvore genealógica da mente humana… A paixão é mãe da decepção e a decepção é mãe da traição… Esta é a árvore genealógica do inevitável relacionamento humano. O sonho é pai da ilusão e a ilusão é mãe da frustração… Esta é a árvore genealógica da auto exaltação. A coragem é mãe da ousadia e a ousadia é mãe do arrependimento… Esta é a árvore genealógica da auto confiança. O conhecimento é primo da sabedoria, que por sua vez é prima da esperteza… O primeiro é filho do estudo, a segunda é filha da vivência, e a terceira é filha da sobrevivência. O mais novo membro na família do idealismo humano é o amor… Porém, este ainda não nasceu, é um feto em plena gestação, não se sabe em que mês está, nem se nascerá neste século, mas é certo que um dia ele virá… Sua mãe é a caridade, o único problema… É que seu pai é o caos.
O amor muitas vezes é confundido a uma ilusão que nos prende não ao outro, mas a nós mesmos. Amar é muito mais simples que viver com outra pessoa, é algo que não dói, que não poda quem está ao seu lado, é algo que não clama por alguém ao seu lado, mas que deseja o bem igualmente a todos ao seu redor, sem priorizar ninguém. O amor ilusório, esse amor que a maioria de nós sente, é apenas orgulho, nosso reflexo no próximo, e então quando o próximo já não está mais tão perto de nós, vem o desapontamento, o desejo de fazê-lo crer que ele está na pior, que te desperdiçou, como se você fosse um troféu que deveria ser polido todos os dias por quem te conquistou. Este tipo de amor é um orgulho disfarçado de amor. O verdadeiro amor é mais difícil de sentir, não vem da paixão, vem da caridade, e não demanda atenção, não deriva da carência, e sim da sabedoria. Por isso aqueles que aprendem a senti-lo não se casam apenas com seu amores, mas entram para a história…
Por fim, o que é o amor então? Aponte-me algo grande na natureza que não seja formado por pequenas coisas e eu lhe apontarei algo que Deus não fez… As montanhas, os desertos, as nuvens, os seres vivos, os planetas, as estrelas, e o amor, todos constituídos por minerais, gotículas, grãos, células, átomos, e o amor, bem… Se o amor fosse um sentimento, o mundo seria tão mais pacífico, por que os sentimentos nascem conosco, basta serem despertados, e sem o menor esforço eles se externam para responderem aos estímulos à nossa volta, provocações, seduções, boas ações, obrigações e por ai vai, mas, o amor não é tão inconsciente assim como um sentimento. O amor é um estado de espírito, periódicas ações de generosidade, uma sabedoria, ou seja, bem mais do que alguma coisa que possa ser definida por alguma teoria, o amor, este gigante gerado e mimado por Deus, qual montanha sobre os ombros de pequeninas ações que só o fazem crescer, não é, portanto, apenas um sentimento, pois senti-lo não configura fazê-lo existir, senão praticando-o… O amor é uma ação.