Rocinha e Capão Redondo serão mapeadas via celular por jovens das comunidades

Em 2011, houve a segunda fase, com 16 repórteres que ampliaram o mapeamento do Complexo do Alemão.
Em 2011, houve a segunda fase, com 16 repórteres que ampliaram o mapeamento do Complexo do Alemão.

Em 2013, cerca de 60 jovens de sete comunidades carentes do Rio de Janeiro e de São Paulo receberão smartphones para realizar o mapeamento de ruas e de áreas de interesse dos locais onde vivem. Os aparelhos, com o sistema operacional Android, serão dotados de um aplicativo para a coleta dos dados. No Rio de Janeiro foram escolhidas as comunidades da Rocinha, Mangueira, Complexo da Maré e Cidade de Deus – no caso das duas últimas, será uma expansão do mapeamento existente. Em São Paulo, o trabalho acontecerá no Capão Redondo e no Parque Santo Antônio. Está sendo avaliada a inclusão de uma comunidade na Baixada Fluminense. A iniciativa faz parte do projeto Wikimapa, desenvolvido pelo programa social Rede Jovem, que desde 2009 já mapeou seis comunidades do Rio, somando mais de 5 mil pontos de interesse catalogados. A nova fase será a maior já realizada pelo Wikimapa.

O projeto nasceu depois de a Rede Jovem ter realizado algumas iniciativas envolvendo informação via SMS com jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro na década passada. “A partir de 2009 notamos o boom de smartphones e de aplicativos móveis, junto com serviços de localização. É algo inerente ao jovem, independentemente da classe social”, relata a diretora-executiva da Rede Jovem, Natália Santos. “Mas percebemos também que os jovens das comunidades não participavam de ferramentas como Foursquare e Google Maps, simplesmente porque as favelas não estavam nesses mapas. Não existia uma base cartográfica das favelas”, explica. Daí nasceu a ideia do Wikimapa: incentivar os jovens de comunidades carentes a construírem eles mesmos os mapas de onde moram.

Nas primeiras etapas, foi utilizado um aplicativo Symbian instalado em smartphones Nokia N95 cedidos junto com planos de dados pela Vivo, pois o projeto conta com financiamento da fundação Telefônica. O app capta as coordenadas do local onde está o usuário e este, através de um formulário, preenche campos com informações básicas sobre o ponto de interesse que está adicionando ao mapa, como nome, descrição, horário de funcionamento e referências que ajudem na sua localização. Também é possível desenhar as ruas e vielas da comunidade através do aplicativo.

Teste 3

Na fase piloto, em 2009, foi feito um mapeamento da Cidade de Deus, do Complexo do Alemão, do Pavão/Pavãozinho, do Santa Marta e de parte do Complexo da Maré, com um jovem (ou repórter, como os participantes do projeto são chamados) por comunidade. Em 2011, houve a segunda fase, com 16 repórteres que ampliaram o mapeamento do Complexo do Alemão. Em 2012, sete repórteres realizaram o trabalho no Complexo da Penha, também no Rio de Janeiro. Todo o conteúdo gerado pelo projeto, como as ruas e os 5 mil pontos de interesse identificados até agora, podem ser acessados no site do Wikimapa.

A etapa do ano que vem será a primeira a ultrapassar as fronteiras da capital fluminense. Os 60 repórteres serão selecionados em parceria com instituições locais de cada comunidade, explica Natália. Eles receberão uma ajuda de custo de R$ 300 por mês para trabalhar no mapeamento, que deve durar seis meses. Novas versões do aplicativo, agora em Android e iOS, estão sendo desenvolvidas internamente, por programadores da Rede Jovem. Os apps estarão disponíveis para download nas respectivas lojas de aplicativos desses sistemas operacionais. O mesmo app usado para coleta de dados servirá para que qualquer pessoa acesse em mobilidade o conteúdo gerado pelo Wikimapa. Uma versão móvel do site também está nos planos. Os repórteres usarão a versão Android para o mapeamento. Ainda não está acertado se a Vivo doará novos smartphones. Por isso, talvez a o projeto venha a precisar de doações de terminais Android.

Rede Jovem

O programa social Rede Jovem nasceu em 2000, no âmbito do Comunidade Solidária, iniciativa da ex-primeira dama Ruth Cardoso. Seu objetivo é estimular a participação do jovem de baixa renda em projetos que envolvam tecnologia. As primeiras iniciativas consistiram na construção e gestão de telecentros. A área de mobilidade começou a ganhar mais atenção alguns anos depois. O primeiro projeto envolvendo celulares foi um serviço de mensagens de texto sobre programas culturais gratuitos nas comunidades, com envio para os telefones dos jovens, usando plataforma cedida pela então Okto (atual Spring Wireless).

Via: http://www.mobiletime.com.br/28/11/2012/rocinha-e-capao-redondo-serao-mapeadas-via-celular-por-jovens-das-comunidades/313702/news.aspx

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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