Que o Prêmio Nobel premia, todos os anos, as personalidades mais destacadas em diversas áreas, todo mundo já sabe. O que talvez você não saiba é que existe também o prêmio IgNobel, que homenageia as pesquisas científicas mais inúteis e desprezíveis do ano, que primeiro nos fazem rir, mas depois nos fazem pensar bem.
O prefixo “Ig” vem de “ignóbil”, que significa algo vil, desprezível. É interessante saber que o prêmio IgNobel, que conta com as mais diversas categorias, de Química a Economia, passando por Literatura e Biologia, conta uma cerimônia de gala para laurear os vencedores, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e existe desde 1991. Todos os detalhes são levados muito a sério no processo de premiação, menos os vencedores.
Nesse ano, alguns dos vencedores foram o egípcio Ahmed Shafik, na categoria de “Reprodução”, por realizar um experimento científico que avaliava a influência do uso de roupas de poliéster, algodão ou lã na vida sexual de ratos, e posteriormente conduzir um experimento similar em humanos; três economistas Neozelandeses na categoria de Economia, por estudarem as personalidades de rochas (isso mesmo, de pedras), sob uma perspectiva de marketing e vendas; e dois pesquisadores japoneses na categoria “Percepção”, que avaliou se objetos tem aparência diferente quando você se abaixa e olha para trás, enxergando-os por trás das suas pernas.
Teste 3
Na categoria de Química, o IgNobel acertou na mosca ao dar o prêmio para a montadora Volkswagen. Para quem não lembra, a empresa foi pega recentemente fraudando resultados de poluição automotiva de seus carros: os valores reais de poluentes emitidos eram adulterados no computador da empresa, fazendo parecer que seus carros poluíam muito menos do que o que de fato poluíam. Segundo os organizadores do prêmio, “A Volkswagen é a vencedora na categoria de Química, por resolver o problema da excessiva emissão de poluentes de seus automóveis por produzir automaticamente menos emissões toda vez que os carros estão sendo testados”.
O que todos os vencedores do prêmio IgNobel tem em comum é o fato de serem pessoas capazes de fazer muito mais. A maior parte dos vencedores é composta de grandes pesquisadores, graduados e titulados, trabalhando em grandes instituições científicas mundiais, com potencial e instrumentos para produzirem conhecimento útil para a humanidade. A Volkswagen é uma gigante multinacional, e, sem dúvida, tinha todas as condições para investir numa pesquisa séria para contribuir para a poluição de seus automóveis. Os vencedores do IgNobel poderiam estar mudando o mundo, descobrindo a cura de doenças, estudando como diminuir a desigualdade social, ou como evitar problemas de infertilidade em seres humanos. Mas eles estavam todos focados na direção errada. Ao invés de desenvolverem pesquisas que poderiam ser digas de ganhar o próprio prêmio Nobel (aliás, seguindo o exemplo do holandês Andre Geim, que ganhou o IgNobel no ano 2000 e o Nobel em 2010), eles estavam perdendo tempo, dinheiro e consumindo sua reputação investindo em trabalhos inúteis.
E você, o que está fazendo da sua vida? Está focado em atividades produtivas? Pense em seus próximos objetivos na vida. Você está trabalhando para alcançá-los, ou está perdendo o foco em um mar de inutilidades? Se você fosse ser premiado pela vida hoje, ganharia o Nobel ou o IgNobel? Pense nisso, e, se necessário, mude seu rumo. É justamente para isso que o prêmio IgNobel existe: para te fazer rir, e depois te fazer pensar.