Porta Vozes da Resistência: três escritores lançam livro sobre vivências na favela

O livro é uma coletânea de artigos escritos pela Deputada Mônica Francisco e os Professores Davison Coutinho e Walmyr Junior para o Jornal do Brasil

O livro Porta Vozes da Resistência foi lançado na última segunda (22) e reúne artigos escritos entre 2013 e 2018 por Monica Francisco, Davison Coutinho e Walmyr Junior para a Coluna Comunidade em Pauta do Jornal do Brasil, relatando as lutas, alegrias e desafios das favelas onde nasceram e cresceram.

Davison é cria da Rocinha, graduado, mestre e doutorando em Desing pela PUC-Rio, professor e líder comunitário. Sobre a sua experiência em escrever o livro, ele conta: 

Davison Coutinho. Foto: acervo pessoal

Escrever uma literatura negra, periférica e favelada é continuar um legado iniciado lá atrás por Carolina Maria de Jesus, carregado até hoje por Conceição Evaristo e por tantos outros autores negros, de origem humilde, mas que, infelizmente, ainda no dia de hoje, são literaturas pouco consumidas ou de pouco acesso. É uma felicidade muito grande, enquanto moradores de favelas, ter a capacitação, a possibilidade de escrever sobre nós mesmos” , diz Davison.

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Mônica Francisco é do Morro do Borel, formada em Ciências Sociais pela UERJ e atualmente está deputada estadual. Ela comenta a respeito da importância de se escrever a realidade vivenciada por quem vem de favela:

Mônica Francisco. Foto: reprodução

Registrar os artigos que escrevemos para o Jornal do Brasil em um livro é dizer que as denúncias que fazíamos ainda são atuais, que os nossos gritos de dor continuam ecoando. Os artigos traduzem a indignidade que impõem aos que moram nas favelas, mas, também, são palavras de esperança. O que registramos no livro são as certezas das nossas lutas. Fomos moldados dentro da desigualdade e queremos justiça”, afirma Mônica. 

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Walmyr Junior é do Complexo da Maré, professor de história pela PUC-Rio, pós graduado em Juventudes com especialização em história das favelas:

Walmyr Junior. Foto: acervo pessoal

O livro traz textos que falam do cotidiano da favela, dos nossos medos, das nossas angústias, da ausência de direitos para a população favelada. É uma tentativa de descrever nosso ponto de vista sobre tudo o que vivemos nas páginas deste livro, e isso está para além de garantir nosso lugar de fala. É imprimir no seio da comunidade, acadêmica e favelada, que daqui, deste lugar, somos comunidade quando o que pensamos e o que vivemos é em favor do outro, a favor de uma sociedade justa e fraterna. Para mim, isso é resistir. Nosso livro fala sobre Direitos Humanos, racismo, preconceito, desigualdades sociais e outros assuntos sobre política, religião, etc. Queremos apontar luzes com o exemplo de resistência que a favela traz, mesmo em meio à trevas que vivemos cotidianamente na favela”, ressalta o professor de história.

As histórias vividas pelos autores em suas favelas continuam sendo uma realidade ainda hoje nesses espaços onde o Estado não atua e não enxerga o potencial que possuem os moradores. Você pode assistir o lançamento do livro  que aconteceu de forma remota através do canal da deputada Mônica Francisco no YouTube.  

Para compra do livro, é necessário entrar em contato com qualquer um dos autores por meio de suas redes sociais e o valor é de R$24,90.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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