Ciclovia do Pinheiro – Maré. Foto: Thiago Santos
No dia 18 de setembro, o Fórum Basta de violência – Outra Maré é Possível, promoveu no CAM (Centro de Artes da Maré), um debate afim de ouvir dos candidatos ao governo do Rio, quais são as propostas de intervenção voltadas para a favela. Por um momento a produção abriu o microfone para os moradores fazerem perguntas, e com base na ausência de alguns candidatos na articulação com o Complexo do Alemão (Organizado pela Agência de notícias das Favelas), perguntei aos candidatos para responderem no ponto de vista deles “Qual é a importância dos candidatos terem olhares voltados para as favelas?”
Somos capazes de perceber através de nossas vivências diárias que a favela sempre foi um sinônimo de resistência perante a um sistema opressor, e somos o principal ponto de referência quando se trata de desigualdade social. Toda sociedade é atingida pelas mudanças políticas do país, contudo, nós favelados somos diretamente afetados, pois bem sabemos que não temos grande representatividade na política. Os políticos em sua maioria atendem os interesses de uma elite que nitidamente não somos nós. Há aqueles que nos julgam marginais, entretanto, sabemos que em sua maior parcela somos moradores com condição de vida precária que ocupamos subempregos.
A favela é o principal alvo de alienação política durante os períodos de eleição, não-raro são políticos que só aparecem de quatro em quatro anos comprando votos por meio de promessas que não são cumpridas ou que ficam inacabadas. Um exemplo é o teleférico do Alemão que transportava cerca de 9 mil pessoas por dia. Quando o projeto foi executado, se ganhou uma visibilidade no âmbito cultural para o local, devido ao grande número de visitantes, inclusive foi palco para a novela Salve Jorge, mas, a falta de verba na manutenção do teleférico, fez dele mais um projeto falido, já o bondinho da Urca está em pleno funcionamento e atendendo a um grupo que quase só se encontra do outro lado da cidade.
Teste 3
As nossas redes de informação nos enchem de notícias, o que consumimos de informação é passado pelas mídias de massa, que sim, tem um posicionamento quando veiculam suas notícias; é tendencioso e alienador. Em suma, somos nós periféricos que digerimos esse amontoado de informes. Enquanto isso grande parte da favela fica por fora dos discursos políticos debatidos, devido a muitos não terem acesso a outro meio ou até mesmo por achar que política não se discute, assim muitos também esquecem de considerar a realidade da comunidade e suas dimensões, também esquecem de indagar quais são os que estão buscando soluções eficazes.
Nos atentemos nessa época sombria que é a de escolha para aqueles que irão fazer a gestão de nosso país e cidade; importante refletirmos sobre qual é a importância dos candidatos terem seus olhares voltados para as nossas favelas. Pensarmos que também somos parte da cidade e a constituímos, mesmo com o abandono histórico-social que sofremos, não queremos uma bancada que reforçam os estereótipos da favela e do favelado, queremos ser contemplados com políticas que de fato sejam funcionais no nosso dia-a-dia.