Nos últimos dias, tenho lido muitas postagens em tom de revolta e até de incredulidade nas redes sociais, sobre os rumos que estão tomando as famosas “10 medidas contra a corrupção”.
De início, ressalto que, não acredito que 10 medidas, quaisquer que sejam, possam resolver o problema da corrupção no Brasil. Precisamos de algo maior (e menos simbólico e mais prático) que isso, mas esse é um assunto para depois. Por ora, falemos das postagens revoltadas e incrédulas sobre as tais medidas.
Sinceramente, não consigo compreender a incredulidade. O Congresso Nacional é, hoje, representado pelos mesmos grupos (muitas vezes pelas mesmas pessoas) que estão por lá há décadas: o “establishment” político brasileiro, ou simplesmente os políticos tradicionais com os quais a História Brasileira está acostumada a lidar. Esses políticos, ao mesmo tempo que fazem sobreviver o sistema que os garante poder quase que perpétuo, se beneficiam enormemente dele, numa simbiose que funciona muito bem para ambos os lados.
Teste 3
É preciso perceber, então, que para essas pessoas não é interessante mudar o sistema. É do sistema, no sistema, pelo sistema e para o sistema que elas vivem. Mudar não é interessante. Esses mesmos políticos mantiveram as coisas como elas são por anos e anos, e não há qualquer razão específica para acreditar que agora seria a hora de mudar as regras do jogo. O sentimento correto nesse momento não deveria ser o de incredulidade, mas o de conformismo. Não é que devêssemos ficar conformados com a situação, é só que deveríamos tomar a responsabilidade pelo que vem ocorrendo no Congresso Nacional, catalisar o sentimento de revolta até as próximas eleições, e aí sim tentarmos mudar as coisas fundamentalmente.
A realidade é que o que vemos acontecer agora com as 10 Medidas contra a corrupção é bastante previsível, e para essa constatação bastar lembrarmos de que quem está à frente dessa decisão são líderes historicamente pouco zelosos com a coisa pública e que se beneficiam do sistema descuidado e corrupto que os rodeia.
Sejamos realistas: nenhuma “medida contra a corrupção” vinda da atual composição legislativa brasileira poderá mudar fundamentalmente os equilíbrios de poder e acabar com as ilegalidades políticas das quais tomamos conhecimento diariamente. A mudança precisa ser mais forte, vir de dentro, e ter legitimidade popular por meio do voto. É disso que falaremos semana que vem.