O retorno da Biblioteca Parque do Alemão é prometido para o fim do mês de novembro

Moradores questionam a data já que nenhuma obra está sendo feita no local

A comunidade das Palmeiras aguarda com ansiedade a volta da Biblioteca Parque do Alemão, que está programada para ocorrer entre os dias 20 e 24 de novembro, durante o Salão Carioca de Leitura (LER). O espaço ficava na estação do Teleférico e fechou há três anos. Desde então, a localidade perdeu um dos seus únicos meios de lazer, no entanto, a promessa de reinauguração feita pelo governador Wilson Witzel não convenceu os moradores, já que a volta do teleférico e da clínica da família não foram projetos concretizados pelo Estado e nenhuma movimentação é vista no edifício.

Exibição de filmes, acesso à internet e aos computadores, além de muita leitura eram as atividades que os frequentadores, em sua maioria crianças, realizavam na biblioteca. Mas tudo isso chegou ao fim em 2016, quando o Teleférico parou de circular, a unidade de saúde e as aulas de alfabetização de adultos que aconteciam lá, também foram vítimas da paralisação e permanecem fechadas.

Yuri e Rodrigo, de 10 e 14 anos lembram com carinho de quando a biblioteca ainda funcionava. Foto: Emelly Roberta/Voz das Comunidades

“A biblioteca estava sempre aberta. As vezes não tinha nada para fazer aqui fora e lá sempre tinha filme, a gente jogava nos computadores, contavam histórias, a biblioteca ficava bem cheia.”

Os meninos lembram que o prédio é alvo de bala e tem várias janelas quebradas.  Foto: Emelly Roberta/Voz das Comunidades

Teste 3

Mas, a partir do momento em que a biblioteca foi fechada, uma das poucas formas de entretenimento que restou na favela são os jogos de futebol que acontecem na quadra poliesportiva. O esporte faz grande sucesso e, por isso, o campinho está sempre cheio. Localizado bem em frente a estação das Palmeiras,   o espaço não tem cobertura e só pode ser usado nos dias que não chove, além disso, o sol forte também dificulta a brincadeira.

“Sinto falta da biblioteca, porque distraia a mente, agora a gente só pode jogar bola, acho que vai ser muito legal se voltar.”, conta David, de 12 anos.

Elisa e os filhos aproveitaram o que a biblioteca oferecia e lamentam que esteja fechada. Foto: Emelly Roberta/Voz das Comunidades

Em sua venda, a comerciante Elisa afirma que após a desativação do teleférico tudo ficou mais difícil na comunidade. Para ela, além de perder clientes em sua lanchonete, também não foi possível continuar as aulas de alfabetização que fazia na biblioteca. Ela e outros moradores contam que o melhor momento das Palmeiras ocorreu quando a estação funcionava e tinham atividades para crianças e adultos, aumentando a circulação de mais pessoas pelo local. A empreendedora, ainda lembra que os moradores demoram muito mais para receber socorro médico, quando tem problemas de saúde. 

“Uma pena que aquele projeto foi totalmente abandonado, se ainda só tivesse parado de funcionar o teleférico, e deixasse a biblioteca, a escolinha de luta e futebol, as aulas a noite, que eu era aluna, o que falta aqui é oportunidade. Tinha e agora não tem mais.” diz Elisa.

Os residentes ainda lembram como funcionavam as sessões de cinema, contam que para assistir aos filmes ou usar o computador era necessário ler um livro e fazer resumo, muitos jovens afirmam que aprenderam a ler nesse sistema da biblioteca parque. No entanto, não foram só os pequenos que sentiram falta da biblioteca, dona Maria lembra que “agora se a gente quer ler um livro, tem que pegar com alguém ou ir na biblioteca do centro, quando era aqui facilitava.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]