Quero que fique registrado que no dia 23 de Maio de 2016 uma menina foi estuprada por trinta e três homens. Quero que daqui uns anos alguém vasculhe a internet, ache essa notícia e sinta o estômago embrulhando. Quero que fique registrado, ainda, a perversidade com que as pessoas trataram o caso. Quero que nossos netos e bisnetos tenham vergonha dessa data e vergonha dessa nossa sociedade.
Uma garota foi estuprada por trinta e três homens, mas as pessoas conseguiram culpá-la, isentaram os criminosos, responsabilizaram a vítima. Um crime bárbaro, medieval, desumano, atroz… e relativizado.
Uma situação em que trinta e três – e eu vou sempre repetir isso – homens forçam sexo com uma menina deveria ser caso unânime de indignação. O normal seria a sociedade inteira se revoltar, se assustar, ter compaixão pela vítima. Deveria ter sido uma semana de tristeza nacional!
Teste 3
Mas não… Se ela estivesse em casa… Se ela fosse de família… Ela não era nenhuma santa… Ela não se valorizava… Ela era drogada… Andava com marginal… Frequentava baile funk…
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Como se isso justificasse um crime, como se o comportamento e as escolhas individuais dela, ou os lugares que ela frequentava, a responsabilizassem por isso. Como se ela buscasse por isso… Como se alguém buscasse ser violado…
Se a lei, que nada sente, que nada sofre, que nada goza, que é incolor, insípida e inodora, condena tal perversidade com a mais pura frieza de sua letra, então como pode um ser humano, com sangue correndo nas veias, culpar uma menina de ser vítima de estupro por trinta e três homens?
A letra da lei é fria, mas a alma de vocês…
A alma de vocês é cruel e vazia.