Em outubro, oito comunicadores de favelas e periferias de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte embarcaram no #IntercâmbiosLatinos e participaram de um dos maiores festivais de jornalismo da América Latina – Festival Gabriel Garcia Marquez. Incluindo uma agenda muito produtiva com parceiros e parceiras locais da Casa De Las Estrategias. Eu estava nesse bonde lindo!
Aterrissar na Colômbia e conhecer dezenas de jornalistas que trabalham no campo dos direitos humanos, de uma forma alternativa, diversificada e resistente, foi algo inspirador e de muito aprendizado. Nossos hermanos nos mostraram uma nova Medellín. Bem distante daquela conhecida na década de 90 como a cidade mais perigosa do mundo, devido a conflitos envolvendo o narcotráfico, grupos paramilitares e a guerrilha. Atualmente, referência em cultura e inovação, a capital do estado de Antioquia é também o berço de um novo jornalismo.
Logo nos primeiros dias tivemos uma experiência incrível com o coletivo de grafiteiros e arte Tribu Akowa, que trabalha educação popular e resistência urbana, na Comuna 1 – periferia de Medellín.Também tivemos uma conversa sobre os ritmos e a cultura popular colombiana nos estúdios da Rádio Latina Estéreo, uma emissora tradicional de música caribenha e afro caribenha. A cada dia que se passava esses encontros e articulações faziam com que a gente se sentisse mais em casa.
Teste 3
No dia anterior da abertura do Festival Gabo, nos reunimos com o coletivo Bajo la Piel, em uma das maiores periferias de Medellín – a Comuna 8 – e conversamos sobre temas ligados à memória e ao direito à cidade. O dia intenso, de muitas trocas e informações não parou por aí. Uma cidade com pessoas hospitaleiras, rica culturalmente e referência de urbanização, Medellín também se destaca na comunicação alternativa. Como é o caso do Noticiero La Otra, criado na Comuna 13 por jovens que realizam um jornalismo com uma importante função social e que foge do conservadorismo. Em seguida fizemos uma roda de conversa com todos eles, na qual os integrantes do #IntercâmbiosLatinos puderam contar um pouco sobre os nossos trabalhos nos coletivos e jornais em que fazemos parte.
O encontro com a equipe da Casa De Las Estrategias nos rendeu muito conhecimento ao assistir a apresentação do projeto de cartografia sobre violência e memória. Nele podemos acompanhar e entender como funciona todo trabalho realizado pela organização. E para finalizar a visita guiada, o último local foi algo bastante inusitado; um bar que também funciona como redação do jornal alternativo Universo Centro. Que jornalista não gostaria de trabalhar num ambiente assim?! O veículo de comunicação que está comemorando 10 anos de circulação trabalha com matérias, artigos e crônicas de uma forma mais aprofundada. Ao contar histórias da bela Medellín, eles celebram o fechamento de cada edição do jornal impresso onde mesmo? No boteco que fica no primeiro andar. Sabendo dividir o lazer e o trabalho, os responsáveis pelo Universo Centro vem conseguindo cada vez mais leitores através de pessoas que frequentam o espaço e têm acesso gratuito ao impresso. Um formato independente e criativo de informar a população.
Após participarmos durante três dias do Festival Gabo e acompanharmos palestras, oficinas e exposições fotográficas, retornamos ao nosso país com a ideia de valorizar e reforçar cada vez mais a comunicação na América Latina. Estar em contato com nossos hermanos de diversos países e aprender com todos que conhecemos durante esses oito dias na Colômbia. O trabalho que realizamos nas favelas e periferias é importante e necessário em tempos como os que vivemos. O #IntercâmbiosLatinos fortalece o pensamento de que podemos continuar produzindo, criando, lutando e resistindo por um jornalismo que exerce o seu verdadeiro papel dentro da sociedade, para todos os públicos.