Filme conta história de artista que fez muito sucesso como modelo e apresenta o projeto Dream Models, que ensina jovens a arte das passarelas
A noite de quinta-feira, 13/07, foi especial para o ex-modelo, es lista e coreógrafo da Rocinha, José Luiz Summer, personagem principal do documentário, “A Passarela da Vida”, dirigido pelo francês Emmanuel Rufi e exibido no Espaço Cultura A Maison. O documentário conta a história deste artista que fez muito sucesso como modelo de prova no início da década de 90 e apresenta o seu projeto Dream Models, que ensina jovens da Rocinha a arte das passarelas.
Após a exibição do documentário, aconteceu um bate-papo com o diretor, Zé Luiz e Rafaella Lemes, uma das modelos do projeto, eleita a musa dos 450 anos do Rio, em 2015. A ideia do filme surgiu quando Emmanuel conheceu a Rocinha e teve contato com o projeto Dream Models. Seis meses depois, uma equipe composta por fotógrafos do projeto Imagens do Povo estava disposta a produzir o filme junto com o Rufi. As gravações aconteceram em 2012, quando o es lista mineiro Victor Dzenk veio selecionar uma modelo para seu desfile no Rio Fashion Week.
“Eu tinha chegado no Rio com outro projeto de documentário, mas meu plano mudou quando conheci o Zé! Vi nele um personagem carismático e cativante, então quis contar a história dele e desses adolescentes do curso de modelo. Percebi logo a força dessa história ”, contou o diretor.
Teste 3
Além de falar das dificuldades para manter o projeto, a conversa com o diretor e os personagens também abordou questões de gênero, gravidez na adolescência e preconceitos raciais. Temas que afligem a vida das modelos do Dream Models. A modelo profissional Rafaella estava emocionada com o filme e explicou a importância de ter o reconhecimento do seu trabalho.
“Eu tinha vergonha da minha altura, eu sofria bullying por causa disso. Hoje sei o meu poder como mulher, como filha, como modelo, como negra. É muito difícil ser uma modelo negra no mercado da moda, tem pouco espaço para modelos como eu, mas hoje eu tenho consciência que sou uma referência para muitas meninas e isso é muito gratificante! ”, conta Rafaella.
Depois do sucesso de Rafaella Zé Luiz já olha para as meninas do projeto pensando: “você vai ser a próxima”. Já são 25 anos de trabalho árduo com as meninas da favela na Casa de Artes da Rocinha, hoje localizada no Complexo Esportivo da Rocinha, que conta com ações voltadas para sustentabilidade, inclusão social e geração de renda.
“Não quero formar modelos multimilionários, não é esse o objetivo do curso. Quero que eles saiam do curso sendo pessoas melhores e sem medo. Se você tem um sonho não tem porque você não acreditar nele e tudo o que es ver contra você, use a seu favor para as suas realizações”, explicou Zé Luiz.
Manu Rufi, como é conhecido, afirmou que após o trabalho, hoje encara a favela de uma forma mais justa. “A intensão do filme é criar outras narrativas para representar a Rocinha. Tenho muito medo do sentimento que eu tinha sobre a favela na época que cheguei e tenho medo desse receio que algumas pessoas têm. Hoje tenho outra visão”, diz Rufi.
Após o debate, a equipe e os personagens do documentário ofereceram e um brinde com vinho da região de Bordeaux a quem veio prestigiar a estreia do filme.
“Sempre tive uma paixão inexplicável pela França, foi uma honra esse filme estrear aqui no Consulado da França! Sempre sonhei com esse país e hoje estou sendo prestigiado, inclusive pelo próprio Cônsul francês” comentou José Luiz, após o evento.
A noite fez parte da programação “Olhares Cruzados” do espaço cultural A MAISON, do Consulado Geral da França no Rio. Essa programação destaca uma vez por mês um olhar brasileiro sobre a França ou um olhar francês sobre o Brasil.