Escolinha Tia Percília perde convênio com ONG Sueca e pode fechar as portas

Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades
Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades

Além da perda do convênio com a Prefeitura a escolinha também perdeu o financiamento de uma fundação sueca, ambos garantiam o funcionamento da instituição

Em março, início do ano letivo, à direção da Escolinha Tia Percília, localizada no Morro da Babilônia, recebeu um o cio da Secretária Municipal de Educação informando o corte no convênio com a escola, esse que tinha sido feito no final de 2016. O convênio segundo à direção deveria durar 1 ano, mas foi suspenso em 8 meses. O motivo, segundo a carta, foi o replanejamento de ações da nova gestão da prefeitura do Rio de Janeiro.

A perda deles tornou insustentável o pleno funcionamento das atividades, ao ponto de receberem doação de alimentos dos moradores para poder oferecer as refeições diárias para as crianças. Para contornar a situação, alguns professores, começaram a dar aulas como voluntários, já que, não estão recebendo pagamento há meses. E as salas começaram a esvaziar.

De lá para cá já se foram mais de duas décadas formando muitas crianças. Hoje já adultos, alguns deles tornaram-se professores da escolinha que um dia estudaram. Nessa trajetória de educação comunitária, a Escolinha Tia Percília ganhou 5 andares, conseguiu financiamento com uma fundação sueca, melhorou a infraestrutura, contratou mais professores e passou a atender mais crianças. Antes dos cortes a escolinha atendia 139 crianças, matriculadas nos dois turnos: manhã e tarde.

Sala de informática e música vazia desde março - Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades
Sala de informática e música vazia desde março – Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades

“Essa escola tem uma história muito forte com a comunidade. Muitos professores são moradores e ex alunos, fico pensando como será o início do ano letivo ano que vem, desabafa Carlos Antônio Pereira, o “Palô”, atual diretor e filho da fundadora da escola.”

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Hoje, estão sendo atendidos apenas 30 alunos. Com poucos professores e funcionários a evasão só aumenta.

Carlos Antônio Pereira, diretor da escolinha. Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades
Carlos Antônio Pereira, diretor da escolinha. Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades

“Essa escola tem uma história muito forte com a comunidade. Muitos professores são moradores e ex-alunos, fico pensando como será o início do ano letivo ano que vem”, desabafa Carlos Antônio Pereira, o “Palô”, atual diretor e filho da fundadora da escola. No início da década de 90, Percília da Silva Pereira, um dos principais nomes comunitários do Leme, se uniu com outra moradora do bairro, Maria da Glória e juntas fundaram uma escola de reforço. Com o objetivo de criar um espaço para auxílio escolar e também para as crianças ficarem nos horários contra turno da escola.

Nascia assim a Escolinha Tia Percília. Na época, à escola era vinculada à associação de moradores da Babilônia. “Me tornei professor graças à escolinha que viu esse potencial em mim aos 13 anos. Foram me moldando e investindo da maneira que podiam. Aos 16 anos, já fazia parte do quadro de funcionários dando aula de informática, matemática e auxiliando nos deveres de casas das crianças”, conta Christian Telacio, de 24 anos, ex aluno da escolinha, que hoje atua como voluntário. Além das aulas de reforço de matemática e língua portuguesa, há também atividades extracurriculares como: aulas de violão, informática, cultura e atendimento psicológico. Procurada pela nossa redação por e-mail, a Secretaria de Municipal de Educação não se pronunciou até o fechamento dessa edição.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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