Era 1914, cidade de Sacramento, interior de Minas Gerais. Ali nascia Carolina Maria Jesus, filha de uma mãe solteira.
Mais tarde, já por volta de seus 16 anos, a vida difícil a obrigou a migrar para São Paulo. Lá, por muito tempo, trabalhou em diversos locais como empregada doméstica. Porém, a gravidez do primeiro filho e a ausência dos direitos trabalhistas a fizeram mudar pra um barraco em uma favela.
Início da década de 50, Favela do Canindé, SP. Uma mulher negra, pobre e favelada, já era mãe solteira de três filhos. Escrevia seu dia a dia em pedaços de papéis encontrados no lixo. Suas diversas histórias de preconceito, de fome e, principalmente de luta, anos após, virariam obra literária da escritora que se tornaria exemplo de poder, de mulher forte, de luta e espelho de uma sociedade de minoria.
Carolina Maria estudou apenas os dois anos primários. O fato, porém não a impediu de sonhar e acreditar que um dia teria seu diário publicado, lido e aclamado por milhares de pessoas, principalmente mulheres.
A historia da escritora ainda se confunde com a de milhares de figuras femininas, que diariamente, por inúmeros motivos, enfrentam preconceito. Era década de 50 e ela já era mãe solteira. O feminismo, que hoje se encontra com bastante facilidade, era desconhecido na época, entretanto defendido, na prática, a unhas e dentes por Carolina, que já buscava seu lugar na sociedade.
Seu primeiro livro vendeu 80 mil exemplares somente no Brasil, com isso conseguiu dar uma casa e vida digna para seus filhos. Além de provar que com persistência, luta e igualdade, a mulher é capaz sim, de se tornar e fazer história.
“Por que nenhum homem vai querer dormir com uma mulher que dorme com uma caneta em baixo do travesseiro (JESUS, Maria Carolina 1960.)
Carolina morreu em 1977, mas é representada por outras milhares de mulheres que assim como ela, lutam diariamente pela igualdade, respeito e direito a vida.
Viva a todas as mulheres, principalmente a Carolina Maria de Jesus que existe dentro de você!