Casa Dona Amélia: Um novo espaço de acolhimento na Cidade de Deus

Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades
Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades

A casa Dona Amélia, na Travessa Hazor, número 22, é o mais novo espaço multiuso na CDD. Um muro branco com letras coloridas anuncia uma casa que não é só uma residência familiar: é um espaço com o portão destrancado, um convite para entrar. Projeto idealizado pela psicóloga Ingrid Ciss, de 24 anos, a Casa Dona Amélia é uma homenagem a sua avó falecida, uma antiga moradora que veio para a CDD na época das remoções. Ingrid transformou um espaço de luto em um local de acolhimento ao próximo. “A casa era dos meus avós. Eu era muito apegada à minha avó Amélia. Lembro que, quando passei para UERJ, foi uma felicidade enorme para ela. Fui a primeira da família a ingressar em uma universidade pública”, rememora Ingrid.

Após a morte da avó, seguida pelo falecimento do avô, Ingrid – que é nascida e criada na Cidade de Deus – não conseguia mais entrar na casa devido à dor da ausência. Mas ela precisava trabalhar e tocar os seus projetos pessoais depois de formada. Surgiu, então, a ideia de utilizar a casa da avó Amélia, que fica em frente à Praça da Loura.

Ingrid Ciss - Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades
Ingrid Ciss – Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades

“Primeiro pensei em um consultório com preço popular, mas comecei a conversar com as pessoas e, quando fui perceber, minha ideia inicial já havia se transformado em outra coisa. Eu já trabalho com projetos sociais em outras áreas, então resolvi ouvir meu coração”, explica. A casa, que estava passando por obras para abrigar o consultório da psicóloga, acabou virando um espaço lúdico para as crianças de 5 a 13 anos, com livros, brinquedos, fantasias e oficinas. Uma delas, por exemplo, é a “Ai Que Meleca”, uma oficina de experiências químicas com ingredientes simples encontrados em casa.

Teste 3

Por enquanto, todas as atividades são coordenadas por Ingrid. Ela conta: “Aqui não é o um espaço para o “não pode”; pelo contrário, procuro apenas intermediar em casos que eles, sozinhos, não conseguem resolver. Fora isso, deixo que fiquem à vontade. E as crianças têm respondido bem a essa liberdade”, assegura.

Ingrid Ciss - Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades
Ingrid Ciss – Foto: Renato Moura/Voz Das Comunidades

Uma casa para todos

Ingrid explica que o objetivo é criar um espaço para todos, independentemente da idade. Por isso, ela também começou um projeto de acolhimento às gestantes locais. São 15 gestantes no total, que recebem apoio psicológico e também um enxoval para o bebê. A casa, que tem 3 meses de funcionamento, já tem mães na fila de espera para participar do projeto. Serão 8 encontros quinzenais, aos sábados, com conversas informativas. As gestantes ganharão um book fotográfico, enxoval e também acolhimento psicológico individual. O projeto tem a mesma metodologia do Providenciando a Favor da Vida, que oferece assistência às adolescentes e jovens grávidas no Morro da Providência. “O Providenciando nos ajudou com as doações dos enxovais e também participei de uma formação com eles”, conta a psicóloga.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]