Policial do BOPE confunde furadeira com arma e mata morador no Andaraí, PMs confundem saco de pipoca com drogas e matam adolescente, Policial confunde ferramenta com arma e mata dois mototaxistas, PM confunde guarda chuva com fuzil e mata o garçom, no Chapéu Mangueira. Em uma breve busca em sites de pesquisa na internet, também é possível encontrar casos em que militares confundem celular, muleta e até rapadura, resultando em morte.
Baseado no artigo 292 do Código de Processo Penal, que diz “Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar meios necessários para defender – se ou para lavrará auto subscrito também por duas testemunhas”, o Brasil se torna o país em que a PM é a que mais mata, mas também é a que mais morre.
Funciona da seguinte forma: O militar neutraliza (como costumam dizer na TV) um ”suspeito” e alega legítima defesa. Nesse modo, a ocorrência é registrada como Auto de Resistência e as testemunhas são os próprios policiais que participavam da operação no momento do assassinato. Assim, o crime raramente é investigado e é raro a família da vítima comprovar sua inocência e puder o assassino. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), foram mais de 890 mortos pela Policia Militar no primeiro semestre de 2018 apontadas como “auto resistência”.
Teste 3
Esses casos de violência policial vem se multiplicando desde o início dos anos 90, onde podemos citar as Chacinas da Candelária, onde oito menores foram mortos em frente a Igreja da Candelária, no Centro do Rio. O mais, assim como os outros, estava dormindo e tinha 11 anos. Em 1993, mesmo ano da chacina, outro grupo de policiais encapuzados executaram vinte e uma pessoas. Não muito longe da data de hoje, vale lembrar do Amarildo. Cadê o Amarildo?
Em outubro, Anderson Domingos foi morto no Complexo do Alemão. De acordo com moradores e a família do jovem assassinado aos 17 anos, “ele estava dentro de casa e ele (a polícia) invadiram e mandaram o menino correr. “Assim que ele começou a correr dispararam pelas costas”, disse a tia do rapaz, que estava muito abalada durante a entrevista para o Voz das Comunidades. Esse é mais um caso de auto de resistência, sendo a palavra da família contra o Estado.
Outra “confusão” aconteceu um dia após o Rio de Janeiro registrar o maior número de tiroteios este ano, segundo informações do OTT, com 43 casos, 5 jovens da mesma família foram detidos dentro de casa enquanto jogavam videogame no Morro do Sereno, na Penha. A mãe de um deles seguiu até a Cidade da Polícia, onde foi impedida de ver o filho e informada que os rapazes seriam encaminhados para Benfica. Os jovens foram liberados após uma semana encarcerados. “Penso que cuidar da segurança pública é também cuidar da saúde mental desses profissionais, que já carregam um carga enorme de responsabilidade e medo. A realidade é que a policia vive em constante estresse e não há políticas de saúde para tratar esse tipo de situação. É uma guerra e ninguém está cuidando das pessoas em geral. “O Estado apenas senta e assiste a população se matando”. comenta Vanessa Medeiros, psicóloga e ex integrante da equipe de saúde da Polícia Militar da Bahia.