Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Com as atividades iniciadas em agosto de 2020, a ONG Talentos do Morro, atende a mais de 780 jovens das comunidades do Alemão, Vila Cruzeiro e Adeus. Disponibilizando aulas e oficinas de segunda a sexta, das 18h30 às 21h, professores desenvolvem e auxiliam adolescentes através da música, da arte e do esporte.
Localizado na Estrada do Itararé, 29, e que também realiza parte das aulas no Konteiner, na Penha, e na Associação dos Moradores da Grota, a ONG foi criada pelo músico Nito Fernandes, de 36 anos. Atualmente, conta com nove professores e é gratuita para todos os jovens. Porém, para arcar com os custos e despesas de locomoção dos professores, a ONG realiza a comercialização de copos personalizados e cupons de sorteio de rifas, que acontecem em datas festivas, como a Páscoa, Dia dos Pais e Dia das Crianças.
Teste 3
“O Talentos do Morro surgiu em uma conversa minha com amigos que conheci na minha trajetória musical. Decidimos trazer para a comunidade os benefícios que a música traz e, a partir disso, o projeto se expandiu. Agora, realizamos a captação de jovens nas comunidades para desenvolver através do esporte e arte”, explica Nito.
Quando o assunto é vocação e dedicação, Hian Robson, de 11 anos, demonstra porque é essencial a presença de projetos sociais nas comunidades cariocas que potencializem oportunidades para jovens. Morador do Complexo do Alemão, o adolescente é um dos beneficiados com os cursos e oficinas desenvolvidas pela ONG Talentos do Morro, onde estuda e pratica cinco modalidades artísticas: percussão, canto, instrumento de cordas (cavaquinho e violão), disco jóquei (DJ) e teatro.
“A música é algo que está no meu sangue, na minha família. Eu tenho um tio que é bem famoso no meio da música, o PC do Repique, então o projeto e os ensinamentos do meu tio são muito importantes pra mim. Os professores até brincam comigo porque tô de segunda a sexta aqui! Faço todas as aulas possíveis e aprendi muito. Já domino o cavaquinho, o pandeiro e outros instrumentos de percussão. Quero viver pra música”, destaca.
Como se tivesse mais de sete dias em sua semana, Hian, que mora longe da praia, é apaixonado pelo surf e sempre dá um jeito de visitar o mar periodicamente, mais especificamente no Leme. A paixão, que só aumentou após o ouro olímpico do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio 2020, surgiu após andar de skate. Com o tempo, o interesse em asfalto deu lugar às águas. “Eu andava bastante de skate, mas um certo dia fui à praia e vi alguns surfistas lá. Então, decidi que queria também. Falei pra minha mãe e o meu pai me comprarem uma prancha que eu ia virar surfista”, detalha.
Hian ainda destaca a importância que a ONG tem para o seu desenvolvimento escolar. Como atende crianças a partir dos sete anos de idade, o Talentos do Morro acompanha e incentiva os estudos de todos que frequentam o espaço, pois é uma forma de desenvolver e preparar o jovem para o mundo. Nessa expansão recente do projeto, a iniciativa foca a sua atenção para o direcionamento dos jovens para o mercado de trabalho, com cursos e oficinas profissionalizantes, que visa reverter os danos causados pela pandemia dentro dos lares nas comunidades cariocas, já que houve uma redução de 70% na renda das famílias de favela, como indica a pesquisa do Instituto Locomotiva/Data Favela.
“A pandemia deixou um rastro de destruição. O mundo já está difícil para quem já tem estrutura, imagina para quem tá chegando agora, como os nossos jovens? Então, a gente capta o jovem para cá, capacita ele no mundo artístico, mas também entende que nem todos querem seguir esse caminho. Como a nossa missão é desenvolvê-los como cidadãos, oferecemos um caminho mais acessível para o mercado de trabalho”. De acordo com Nito, o desejo do Talentos do Morro é expandir a atuação para todas as comunidades cariocas e, depois, ampliar nacionalmente o alcance da iniciativa.