Se mec é tranquilo, mec mec é favorável!

Era uma sexta-feira, subindo a favela, encontro um amigo que não via desde o tempo de escola. Perguntei como andavam as coisas e o maluco me responde com um “Tá mec!”. Fiquei com aquela cara de branco do asfalto e comecei a procurar um contexto. É isso que a gente faz quando não conhece uma gíria da favela. Quinze minutos de delay porque mozão sentando deu onda. Pronto, saquei que aquilo era só um “Tá tranquilo!”.

O cara avançou numa resenha sobre uma mina que fez, segundo percepção própria, o favor de ficar com ele. E, no meio do papo, citando o poeta Mc TH , o cidadão afirma que foi “um mec mec tranquilinho sem ser muito explanado“. Erro 404. Buguei. O “mec mec” não cabia no contexto do “Tá mec”. Resolvi tirar a dúvida e acabei descobrindo que mec também pode significar transar. Meti o pé para casa e, no caminho, ri pensando se alguém no Ministério da Educação ficaria bolado.

Como gíria boa se reproduz e dá cria, acordei no sábado, peguei o celular, fiquei cego olhando para aquela tela com 100% de brilho, abri o Facebook e vi que tinha sido convidado para um evento chamado carinhosamente de Meczada. Pensei comigo “a língua portuguesa é viva, mas eu tô é mortx”. Ou aquele ia ser um dia ao lado de muitos amigos tranquilos, ou, quem sabe, o melhor dia da minha vida.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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