Era uma sexta-feira, subindo a favela, encontro um amigo que não via desde o tempo de escola. Perguntei como andavam as coisas e o maluco me responde com um “Tá mec!”. Fiquei com aquela cara de branco do asfalto e comecei a procurar um contexto. É isso que a gente faz quando não conhece uma gíria da favela. Quinze minutos de delay porque mozão sentando deu onda. Pronto, saquei que aquilo era só um “Tá tranquilo!”.
O cara avançou numa resenha sobre uma mina que fez, segundo percepção própria, o favor de ficar com ele. E, no meio do papo, citando o poeta Mc TH , o cidadão afirma que foi “um mec mec tranquilinho sem ser muito explanado“. Erro 404. Buguei. O “mec mec” não cabia no contexto do “Tá mec”. Resolvi tirar a dúvida e acabei descobrindo que mec também pode significar transar. Meti o pé para casa e, no caminho, ri pensando se alguém no Ministério da Educação ficaria bolado.
Como gíria boa se reproduz e dá cria, acordei no sábado, peguei o celular, fiquei cego olhando para aquela tela com 100% de brilho, abri o Facebook e vi que tinha sido convidado para um evento chamado carinhosamente de Meczada. Pensei comigo “a língua portuguesa é viva, mas eu tô é mortx”. Ou aquele ia ser um dia ao lado de muitos amigos tranquilos, ou, quem sabe, o melhor dia da minha vida.