Foto: Estudando para Vencer / Divulgação
Um dado alarmante chamou a atenção e preocupou a comunidade acadêmica em 2021. Pela primeira vez, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve o menor número de inscritos desde 2005. Qual o significado dessa informação? De acordo com especialistas, são vários os motivos – entre eles, a insegurança com o aprendizado, já que muitos jovens ficaram sem aula durante a pandemia. Jovens em maior vulnerabilidade social são os mais impactados com as desigualdades existentes no país. Sabendo desse contexto, o Estudando para Vencer, pré-vestibular na Vila Cruzeiro, na Penha, trava, há cinco anos, uma batalha para tornar possível o sonho que jovens do território têm de cursar o Ensino Superior.
Ao longo da atuação do projeto, já foram aprovados estudantes para diferentes universidades públicas, como UERJ, UFRJ e Cefet. A ideia de construir o pré-vestibular surgiu em 2016 a partir de uma conversa que Marcelo Martins – diretor geral do projeto e professor de matemática – teve com um grupo de alunos que, na época, ocupavam a escola estadual Gomes Freire de Andrade, na Penha, em protesto a certas medidas tomadas pelo governo estadual. Foi logo no ano seguinte, em janeiro de 2017, que a primeira campanha para conseguir alunos foi lançada e o nome do pré-vestibular finalmente escolhido. Estudando para Vencer faz menção a uma frase que sempre era dita pela mãe de Marcelo: “Estudem para vocês vencerem na vida e não passarem com os seus filhos o que eu passo com vocês”.
Teste 3
O Estudando para Vencer tem uma equipe de professores e parceiros que acreditam que a educação é um dos caminhos possíveis para a transformação social. A realização do projeto é feita de maneira 100% voluntária e conta com ex-alunos. Rayza Gomes, de 22 anos, é um exemplo. Ela foi estudante do pré-vestibular, ingressou na UERJ na graduação de Matemática, e hoje é professora do cursinho e faz parte da coordenação. Ao ser questionada sobre a importância da iniciativa em sua vida, a jovem citou a filosofia africana Ubuntu: “‘Eu sou porque nós somos’. Essa é a essência daquele local”.
Em agosto deste ano, ocorreu a volta das atividades presenciais do projeto. Pois, de acordo com Marcelo Martins, no ano passado, as aulas on-line foram um fracasso por diversos motivos, como a falta de acesso à internet pelos estudantes, casas pequenas com muitos moradores e a ausência de um ambiente silencioso para estudar. Dos 55 alunos inscritos, apenas 6 conseguiram assistir às aulas remotamente, mas com muita dificuldade. Neste mês, para além do retorno das aulas presenciais, foi inaugurado um intensivo para o Enem, que será realizado em novembro, nos dias 21 e 28. Como o nome sugere, é um curso com as principais matérias que caem na prova durante um período mais curto de tempo.