Longe das características que rodeiam a fama do Rio de Janeiro, como o calor excessivo nas primeiras semanas da estação do verão, o início desta época tão aguardada por boa parte da população carioca teve a marca de chuvas intensas e de grandes riscos de desastres naturais nas comunidades cariocas, territórios reconhecidos pela vulnerabilidade das famílias e das residências que possuem construções instáveis.
No final de dezembro e início de janeiro, por exemplo, a quantidade de chuva deixou a capital em estágio de atenção em datas seguidas (dia 28 de dezembro a 4 de janeiro), de acordo com as informações do Sistema de Alerta de Chuva do Rio de Janeiro, da prefeitura municipal. Ainda segundo a instituição, no último mês de 2021 choveu 257,8 milímetros na capital.
Essas condições climáticas extremas representam um perigo real para os moradores, como indica o superintendente da Defesa Civil do Munícipio do Rio de Janeiro, Lauro Botto, que detalhou os procedimentos de prevenção que auxiliam neste momento de preocupação constante com a integridade física e, também, com as consequências geradas pela chuva, como possíveis deslizamentos de terra nas residências.
Teste 3
“Esse é um período totalmente delicado para os moradores que vivem em bairros vulneráveis, pois a chuva intensa pode causar perdas irreparáveis e ainda coloca em risco a vida. Por isso, a Defesa Civil realiza um trabalho que necessita da participação ativa da população, disponibilizando um período de treinamento nas 103 comunidades que monitoramos”, destaca Lauro.
De acordo com ele, a instituição prepara um período de sete meses de treinamento para a prevenção nas comunidades, de abril a outubro, onde as lideranças comunitárias e as associações de moradores disponibilizam um passo a passo de como reagir a estes cenários e de como instruir as pessoas próximas.
“É importante sempre ter um Kit Emergencial para estes momentos, levando apenas o essencial, como documentos, água e roupas de urgência. A gente entende que, nesses territórios, há muitas famílias com uma baixa condição financeira e que muitas vezes a casa significa muito. Mas, nessas situações, a vida sempre tem que estar em primeiro lugar”, aponta o superintendente.
Conforme os dados da Defesa Civil Municipal, há 165 sirenes de alerta climático instaladas nas comunidades do Rio de Janeiro, com algumas localidades possuindo mais de uma, de acordo com a extensão do território, como o Vidigal que tem três. Esse sistema funciona em três fases: a de alerta de chuva intensa (quando a chuva ainda não chegou), a de risco (quando a chuva já está) e a de retorno à normalidade (quando termina).
Para João Paulino, de 50 anos, a chuva intensa no início de janeiro, mais especificamente no dia 8, trouxe complicações severas para a sua residência, localizada no Morro dos Mineiros, no Complexo do Alemão. O temporal causou um deslizamento de terra em cima do seu terreno, o que fez boa parte da casa ser destruída. No momento do deslize, não havia ninguém em casa, pois os moradores já estavam em alerta com a queda de uma árvore próxima ao local.