Lideranças comunitárias, profissionais da saúde e moradores se reuniram no último sábado (07) para discutir temas ligados ao saneamento básico e à saúde nas favelas. O encontro, que aconteceu no Instituto Raízes em Movimento, situado no Complexo do Alemão, marcou o início do “Plano de Ação Popular do Cpx – Vamos desenrolar”. O plano terá cinco encontros até julho com diferentes assuntos. O primeiro debate contou com a presença do Engenheiro Sanitarista Stelberto Soares e do Agente Comunitário de Saúde, morador do Alemão, Wagner de Souza.
Stelberto Soares explicou que o termo clássico de saneamento básico envolve água, esgoto, lixo e drenagem. Porém, o saneamento ambiental surgiu como uma nova possibilidade de conceito e é classificado como as práticas de melhoria do meio ambiente. Com isso, a saúde pública e o bem-estar da população são objetivos a serem alcançados. “Falar em saneamento básico é falar em vida. Estamos falando de saúde pública”, reforça o engenheiro.
Ainda de acordo com o Stelberto, de 1976 até 2022, não houve projeto de saneamento totalmente concluído. “Nenhum acabou de acordo com o que tava pensado. E aí entra a organização popular e nós temos que estar atentos, acompanhando”. Além disso, o engenheiro reforça que “Ninguém é melhor fiscal que o morador da rua”. Para ele, as pessoas devem cobrar medidas que melhorem o saneamento nas comunidades. “O que eu vejo é a necessidade da urgência e da importância de se ouvir as pessoas”, completa.
Teste 3
Em relação à saúde, o agente comunitário Wagner de Souza falou a respeito dos desafios da atenção primária, ou seja, aquela de prevenção de doenças e de primeiro acolhimento. Ele ainda revela que, há alguns anos, a realidade desses atendimentos era mais precária, apesar de saber que a situação, hoje em dia, está longe de ser a ideal. “Na época, a gente tinha uma saúde pobre para pobre”, explica.
Wagner também diz que conheceu as realidades quando saiu para fazer o cadastramento de famílias do Alemão. “Eu descobri a minha realidade. Eu comecei a descobrir sobre os problemas dos locais onde eu moro. Isso impactou muito no processo do trabalho. Como resolver isso?”, questiona o profissional.
O agente comunitário complementa a sua fala dizendo que é preciso facilitar o trabalho dos profissionais que estão engessados pelo excesso de burocracia. “Hoje em dia, a gente luta para não ser o burocrata da saúde, de ficar dentro da unidade, no papel. nós temos que ir para a rua”. Mas, Wagner, também revela que a população deve estar dentro dos conselhos gestores das clínicas da família. “A população precisa tá dentro dos conselhos gestores, pra entender que agente comunitário não tem que entregar só papel, ser um marcador de consulta”.
Por último, o agente diz que mais uma clínica da família deveria ser construída para atender a grande população do Alemão. E, ainda, destacou que a saúde da família não deve estar sozinha. “A gente tem que discutir a educação com a saúde, a mobilidade urbana com a saúde. E a gente precisa discutir a saúde pública com os moradores. Essa bolha com o morador precisa estourar. A gente tem que deixar de ser figurante, pra ser o agente principal de onde nós moramos”, completa Wagner.
Sobre o Plano de Ação Popular
O PLANO DE AÇÃO POPULAR DO CPX consiste em debater junto à população, organizações, grupos locais e associações de moradores uma agenda dos principais temas de políticas públicas para o nobairro do Complexo do Alemão. Serão realizados encontros temáticos durante os meses de maio, junho e julho para discutirmos questões relevantes sobre: Saneamento Básico, Saúde, Educação, Cultura, Mulher e Juventudes. No mês de agosto será realizado o FÓRUM POPULAR DO CPX, onde serão construídas coletivamente uma agenda de políticas públicas para o Complexo do Alemão a partir dos debates e resultados dos Encontros Temáticos.