“É uma conquista comunitária do nosso povo” diz Jonathan Batista, cria da CDD que se tornou o primeiro protagonista negro em cia de balé dos EUA

Na última sexta-feira (23), o bailarino clássico deixou de ser solista e foi anunciado como protagonista do Pacific Northwest Ballet
Dançando como o Príncipe Siegfried no terceiro ato de O Lago Dos Cisnes com o Pacific Northwest Ballet Foto: Angela Sterling
Dançando como o Príncipe Siegfried no terceiro ato de O Lago Dos Cisnes com o Pacific Northwest Ballet Foto: Angela Sterling

Cria da Cidade de Deus, favela localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Jonathan Batista, de 30 anos, se torna o primeiro bailarino negro a ocupar o posto principal em 50 anos da Pacific Northwest Ballet, sediada em Seattle, Washington, nos Estados Unidos. Na última sexta-feira (23), o bailarino clássico deixou de ser solista e foi anunciado como protagonista do grupo. É importante ressaltar que esta conquista vem com pouco mais de um ano de Jonathan na companhia de balé estadunidense.

O artista começou a estudar balé na Cidade de Deus, no projeto UNICOM, com a professora Viviane Carvalhal, onde permaneceu por 4 anos. “Eu era o único menino a fazer as atividades de dança, em particular o jazz e o balé”, conta.

Foto: Fabrizio Carneiro
Foto: Fabrizio Carneiro

Após isso, ele foi encaminhado para a Escola de Dança Alice Arja, em que passou 4 anos estudando o balé clássico até o momento em que recebeu uma bolsa de estudo integral para a escola do English National Ballet, em Londres, na Inglaterra. 

Teste 3

O bailarino passou por sete companhias de balé como membro, onde desabafa que viveu e sentiu a resistência ao seu talento dentro desses espaços. Chegou a se ver, muitas das vezes, como um pioneiro, sendo o primeiro negro a ter oportunidades  e representar em diversas produções.  

“Hoje sinto-me com o coração preenchido por este momento tão especial em minha vida e na dança”, disse Jonathan. Ele enfatizou que a diversidade tem um papel importante em formar o balé clássico sobre o corpo negro. “As nossas falas, os nossos movimentos, a nossa cultura, e o talento que se manifesta a partir de oportunidades criados pelo mesmo! Este momento é uma conquista comunitária do nosso povo e da nossa cultura.”

“Estou eternamente grato por este momento. Um homem negro, nascido e criado na favela da Cidade de Deus, podendo mostrar aos nossos que é possível alcançar e conquistar dentro do balé clássico, é possível fazer um papel de príncipe, e também criarmos novos personagens e contar a nossa história. Celebremos a nós, por nós, e por mais histórias de sucesso!”, comemora. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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