Dançarina do Alemão sacode o mundo e abre caminhos para artistas trans no mundo da dança

Makayla Sabino tem 22 anos, já dançou com várias artistas cariocas e, atualmente, é integrante fixa do balé da cantora Ludmilla
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Com apenas 22 anos, Makayla Sabino já conquistou o Rio e o mundo com sua dança. A bailarina cria do Alemão já dançou com várias artistas cariocas e, atualmente, é integrante fixa do balé da cantora Ludmilla. No corre desde os 16, tudo o que conquistou é fruto de muito esforço e perseverança. Mas ainda muitas realizações estão por vir!

Desde fevereiro deste ano, a dançarina integra o time da maravilhosa Ludmilla. A vaga no balé da Lud foi conquistada por meio de um processo seletivo: várias concorrentes, mas apenas algumas selecionadas e pela própria cantora. Incrível, né? Mas esse trabalho é apenas um dos muitos corres de Makayla Sabino.

Cria do Alemão, a dançarina tem trabalhos com Ludmilla, Lexa, Iza e Mc Rebecca
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Além de dançarina, ela trabalha como professora de dança, influencer digital e estuda também o ritmo bregafunk. A artista começou no mundo da arte no teatro, mas apesar da dança dominar seu coração, ela deseja ainda caminhar pelo mundo da música e da atuação.

“Eu sempre fiz aulas de música, canto, dança, mas foi a dança mesmo que me puxou. Foi amor à primeira vista!”

Teste 3

As inspirações artísticas da dançarina vêm de bem longe, mas também de casa. A cantora Beyoncé e a mãe de Makayla são as duas mulheres que a inspiraram a dançar, cantar e atuar. A mãe é cantora, dançarina e trabalhou com teatro. Desde sempre, foi a única apoiadora da carreira da filha em sua família, mas, mesmo assim, teve receio no começo, por conhecer as dificuldades da vida de artista. 

Apesar dessas inspirações, Makayla correu muito seus caminhos só e sempre teve a si mesma como referência. Saiu de casa nova, com 14 anos, e, nos primeiros anos de sua carreira, ela se viu sozinha, por ser a única mulher trans no mundo da dança carioca. 

“Foi um longo processo de me entender, primeiramente, e depois fazer as pessoas entenderem o porquê de eu estar aqui, o quão importante era eu estar aqui (…)”.

Makayla foi a primeira bailarina trans do Rio de Janeiro a ter um pouco mais de destaque nos palcos. O primeiro reconhecimento de sua carreira aconteceu em 2019, quando ela dançou ao lado da cantora Anitta. Se apresentando no Rock in Rio junto da poderosa, teve destaque muito grande. Com apenas 19 anos, alcançou o primeiro auge de sua carreira e teve a oportunidade de viajar profissionalmente para a França.

“As matérias chegaram em lugares e países que eu nunca imaginei. Junto com a coreógrafa Arielle Macedo, a Anitta me deu a oportunidade de ter meu nome visto junto a carreira dela” conta Makayla sobre seu primeiro boom como artista.

Segundo ela, esse foi o primeiro start de uma grande artista a ter mulheres trans em sua equipe. Apesar do mundo da dança no Rio de Janeiro ter muitas pessoas negras, poucas pessoas trans estão nesse espaço. Hoje, Makayla enxerga outras pessoas trans surgindo para “tomar seu lugar por direito”, como ela mesma afirma. 

akayla foi a primeira dançarina trans a participar do balé de uma artista grande
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Além do trabalho com Anitta e Ludmilla, a bailarina trabalhou com as cantoras Lexa, Iza e foi do balé da Mc Rebecca. Desde 2016, em seu trabalho durante as Olimpíadas, ela se reconhece como profissional e tudo o que tem conquistado é por meio da dança.

“A dança me trouxe na verdade pro mundo real. Pro mundo onde eu precisava ver quem eu era e me reconhecer pra poder me encontrar. Eu passei por muitos processos desde que eu comecei a dançar e realmente me encontrar pra começar a fazer o que eu queria. A dança me trouxe pra realidade como preta, como trans, como mulher, como favelada… Desde 2016, quando eu realmente me encontrei na dança, ela foi minha maior aliada em todos os meus processos de vida”, conta Makayla Sabino.

“A dança me trouxe pra realidade como preta, como trans, como mulher, como favelada…”

E Makayla ainda tem muito o que alcançar! Seu objetivo para 2022 ainda é a cirurgia de redesignação sexual. Pro ano que vem, Makayla quer estudar mais e focar em seus outros projetos artísticos, que, por enquanto, são segredo. Calada vence, né? Mas é só a gente acompanhar ela nas redes sociais pra saber os próximos passos dessa estrela em ascensão!

PESSOA CIS E PESSOA TRANS
Ao nascermos, somos designados, de acordo com as convenções sociais, a um determinado gênero (masculino ou feminino) segundo o nosso sexo biológico. Uma pessoa que nasce com o órgão sexual feminino, por exemplo, seria nessa lógica do gênero feminino, uma mulher cisgênero. 
Uma pessoa transgênero (ou trans) é alguém que possui sua identidade de gênero diferente da designada no momento de seu nascimento, passando por cirurgias ou não, sendo a pessoa homem, mulher ou não-binare. Mas é importante lembrar o quanto isso deve ser normalizado e o quanto merecem respeito, devendo ocupar livremente lugares na sociedade .

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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