Ele atraiu olhares do mundo inteiro com uma fuga cinematográfica no fim de 2010, quando traficantes escaparam das forças militares correndo por uma estrada de terra. Agora, o Complexo do Alemão segue atraindo o interesse de pessoas de outros estados e países. Mas tirou o medo da rota e vem ganhando status de atração turística desde que o teleférico passou a funcionar em horários ampliados, em dezembro do ano passado, deixando de ser somente um meio de transporte para os moradores. De acordo com a Supervia, a perspectiva é que, com o início da operação plena, o número de passageiros transportados chegue a 30 mil por dia. Percebendo as boas oportunidades da mais nova atração turística do Rio, agências de turismo oferecem tour pelo complexo, com vista panorâmica e caminhadas por dentro da comunidade. De acordo com o coordenador da Rio Turismo Legal (projeto que oferece o serviço), Ronald Ferreira, o percurso mais solicitado pelos turistas é a Serra da Misericórdia, que ficou conhecida popularmente com a Estrada do Bope.
— É quase unânime. Eles já chegam perguntando se é possível conhecer a estrada que apareceu na TV e que foi notícia no mundo inteiro quando o Exército chegou ao complexo — afirma Ferreira.
Teste 3
Complexo na rota, sim, mas turística
A fisioterapeuta Bárbara Damásio, de 33 anos, e o marido, Jorge Nunes, de 29 , são moradores do Complexo do Alemão. Embora residam em Inhaúma, pela primeira vez tiveram acesso a outras localidade na comunidade onde vivem há dois anos. O sonho foi conquistado mais de um ano após a pacificação. Segundo o casal, o teleférico ajudou no passeio pelo “quintal de casa” , como eles chamam.
— Não conhecíamos porque era muito perigoso antes da ocupação. Agora, podemos transitar livremente pelo espaço onde vivemos. Estou redescobrindo o lugar onde moro, que, por sinal, tem uma vista linda. Minhas clientes que moram no asfalto também querem vir — diz Bárbara.
Em sua segunda viagem ao Rio, o casal Cristiano Aldriguete, de 35 anos, e Regiane Durante, de 33, levou os filhos Henzo e Cadu, de 5 e 1 ano, para um passeio bem diferente do que fizeram quando estiveram pela primeira vez na cidade. O empresário e a fisioterapeuta estavam curiosos com o roteiro alternativo.
— É a primeira oportunidade que nós temos de manter um contato direto com a comunidade. Ainda não sabemos o que vamos encontrar por lá. Estou ansioso e satisfeito com essa nova possibilidade de passeio — afirma o empresário de Jaguariúna, interior de São Paulo.
Já a moradora de Higienópolis Joana Darc da Silva, de 55 anos, levou pela segunda vez familiares de fora do Rio para conhecer o teleférico. Eles se mostraram impressionados com a vista do lugar, que antes só conheciam pela televisão.
— Vi a estrada onde aconteceu a fuga dos traficantes, que acompanhei pela TV. Também andamos por dentro da comunidade e tem bastante policiamento. Coisa de turista mesmo — conta, aos risos, o aposentado de São Paulo Juarez Pereira, de 72 anos.
Quem viu no Teleférico do Complexo do Alemão uma oportunidade de novos horizontes nos negócios na rota turística da cidade foi o coordenador do projeto Rio Turismo Legal, Ronald Ferreira, que há um ano vem oferecendo pacotes turísticos.
— Mesmo antes das Forças de Pacificação, já percebia o interesse dos turistas em conhecer a comunidade, já que o favela tour era praticado no Rio há algum tempo, principalmente por turistas de outros países. Desde novembro de 2010, estamos realizando o roteiro, que é um sucesso — diz Ferreira, que chega a guiar de 30 a 40 pessoas por passeio.
De acordo com o guia , a captação de turistas acontece por meio dos próprios hoteis. Os hóspedes mostram interesse em ir ao complexo e os estabelecimentos indicam o projeto.
— Grande parte dos turistas é americana e a rota mais pedida continua sendo a Serra da Misericórdia, que acabou ficando conhecida como a Trilha do Bope. Ofereço o pacote por R$ 40, incluindo o passeio no Teleférico, caminhada a pé por dentro da comunidade e um lanche — explica Ferreira, que também vende o passeio em sites de compras coletivas pela internet.
O Teleférico do Alemão tem 3,5 km de extensão e 152 gôndolas, com capacidade para transportar dez passageiros cada uma. A viagem da primeira estação, em Bonsucesso, à última (Palmeiras) dura 16 minutos. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 6h às 21h; sábados, das 8h às 20h; domingos e feriados, das 9h às 15h.
Via: http://oglobo.globo.com/zona-norte/teleferico-do-complexo-do-alemao-entra-para-rota-turistica-3663256