Pequenos agentes de saúde no Complexo do Alemão

No Complexo do Alemão, lições como combater o mosquito da dengue e dar o destino correto ao lixo são ensinadas por crianças. Vinte e cinco meninos e meninas entre 10 e 14 anos formam a primeira equipe de agentes comunitários mirins. O grupo, ligado ao Centro Municipal de Saúde da comunidade, realiza reuniões mensais para estruturar as ações de conscientização.

Nos encontros preparatórios, eles discutem sobre a transmissão de doenças e sobre a importância da limpeza na comunidade. O trabalho de campo é exigente e acontece desde março. Os agentes mirins vão de porta em porta para falar das doenças causadas pelo lixo e da importância de não despejar detritos em ruas. Eles distribuem ainda material informativo. Para fazer parte do grupo, porém, todos precisaram assumir o compromisso de não sujar a casa e as calçadas.

Grupo de 25 crianças realiza intenso trabalho de conscientização com os adultos no Complexo do Alemão Foto:  Alessandro Costa / Agência O Dia
Grupo de 25 crianças realiza intenso trabalho de conscientização com os adultos no Complexo do Alemão
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

A ação é orientada pela agente comunitária de saúde Aparecida Batista e pela agente de vigilância em saúde Cláudia Souza. Segundo a diretora do Centro Municipal de Saúde do Alemão, Janaína Balmant, o resultado mais significativo é a limpeza das residências e a prevenção contra a dengue. “Além dessa conversa com os moradores, eles mesmos catam os detritos no local. Agora, as caixas d’água já estão tampadas e os quintais limpos”, comemora, acrescentando que é grande o poder de persuasão das crianças.

Teste 3

A moradora Sebastiana da Silva diz que acha importante o trabalho deles. “Tem que conscientizar as pessoas que vivem na comunidade que o lixo entope bueiros e causa enchentes”, disse.

Maria José da Silva aprova a ação das crianças no local onde mora e garante que está aprendendo muito com os agentes mirins. “Eles ajudam a conservar as ruas limpas. As crianças também ensinam às pessoas da comunidade que não tiveram oportunidade de estudar”, comentou.

Da bronca à nova atitude

O Grupo de Agentes Mirins surgiu a partir de uma atitude do morador do Complexo do Alemão, Santiago Rodrigues, 10 anos. Ao ser advertido por uma agente comunitária de saúde após jogar lixo no chão, o menino não só mudou de atitude, como começou a educar os moradores da comunidade.

Dias depois da bronca, ao reencontrar a equipe de agentes, Santiago contou que tinha começado com a irmã a limpar o quintal de sua casa e que não jogava mais lixo no chão.

O episódio inspirou a equipe do Centro Municipal de Saúde do Alemão a criar o grupo. A intenção é formar outros multiplicadores que, assim como o menino Santiago, pudessem começar a mudar seus hábitos dentro da própria casa.

Via: odia.ig.com.br

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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