O primeiro coworking no Complexo do Alemão terá sua inauguração no próximo sábado

O primeiro espaço de coworking no Complexo do Alemão terá sua inauguração no próximo sábado, dia 17 de dezembro, às 16h. A Casa Brota além de ser um espaço de conexão e redes, também realizará consultoria de comunicação para empreendimentos de favela e demais projetos e empresas que tenham como base Inovação + Tecnologia + Entretenimento + Engajamento. Segundo May Ximenes, idealizadora do Boca de Favela, apesar da favela ser um lugar onde muito se empreende, dificilmente se vê serviços de comunicação atentos à singularidade desses projetos.

A Casa Brota é composta por um grupo de amigos moradores de favelas localizadas em diferentes zonas da cidade, que realizam trabalhos significativos relacionados à tecnologia, criatividade, arte e comunicação. Eles resolveram combinar suas ins-pirações individuais para projetar um espaço de criação coletivo e colaborativo. Os projetos GatoMídia, Boca de Favela, Berro Inc, AmareVê, Magano e Sonata e Favelê, fazem parte da Casa.

Na sua inauguração a Casa Brota vai reunir fazedores de toda a cidade para celebrar a abertura do espaço e trocar ideia sobre como se dá os processos de criação dentro e fora das favelas. Na programação está um papo sobre inovação, tecnologia. rede e criatividade com Vitor Coffe (Kilombu), Marcelo Ramos (criador da cerveja Complexo do Alemão), Alline Cipriano (IBEJI) , Adriano Cipriano (Estúdio Roncó), Sil Bahia (Olabi) e Carol Delgado (Puxadinho).

Teste 3

Nas favelas tem muita gente criando através das gambiarras e da capacidade de resiliência, mas essas pessoas não se encaixam na narrativa conceitual de inovação, que em um imaginário coletivo está mais ligada aos novos modelos de negócios e startups. Para o ator e comediante Marcelo Magano coworking na favela sempre existiu só que com outro nome, “aqui a gente chama de puxadinho. Um morador faz um puxadinho e junto uma padaria o outro puxa pra cima e faz o salão e por ai vai geral trampando junto e misturado dividindo água, luz e cliente”.

Segundo os dados da pesquisa realizada pelo Instituto Data Favela em 2015, de cada dez moradores das favelas do país, quatro têm vontade de empreender e 55% pretendem abrir um negócio próprio nos próximos três anos. O volume de pessoas com intenção de empreender nas favelas é quase o dobro do que na população em geral (23%). A grande maioria dos moradores de favela com intenção de empreender planeja montar um negócio dentro da própria favela (63%). Essa mesma pesquisa aponta que o perfil socioeconômico dos candidatos a empreendedores em sua maioria pertence a classe C. (56%) pertencem à classe C, 38% são da classe baixa e 7% da classe alta.

Por outro lado, apesar do número alto de empreendedores em favelas, esses empreendimentos muitas vezes não dialogam entre si. Um dos objetivos da Casa Brota é fortalecer as redes dentro destes espaços populares e expandir a conexão para além da favela. “Muitos projetos criativos produzidos dentro das favelas não estão inseridos e legitimados no circuito de inovação da cidade, já que muitos desses circuitos não veem as demandas populares como fontes legítimas dentro do processo de criação. “Nós acreditamos que a favela pode apontar caminhos para a construção de uma cidade inteligente, sustentável e conectada”, afirma Thamyra Thâmara, idealizadora do GatoMÍDIA.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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