Defensoria Pública escuta denúncias de moradores do Alemão e Penha contra abusos da Intervenção

Casas invadidas, perfumes, celulares, móveis e eletrodomésticos furtados ou quebrados. Até o iogurte das crianças que estava na geladeira não existe mais. Desde o início da Intervenção Militar e principalmente hoje, com a entrada do Exército e da Polícia pela Rua Joaquim de Palhares, na Grota / Complexo do Alemão, uma enxurrada de mensagens contendo fotos e vídeos começaram a chegar através das redes sociais do Voz das Comunidades.

Durante a entrada dos militares por volta das 10h da manhã de hoje (22), representantes da Defensoria Pública, da Comissão da DH da ALERJ, da Justiça Global, a OAB, Presidentes das Associações dos Moradores, ONG’s e instituições locais, se reuniram para discutir as ações e ouvir a população. O grupo seguiu até a Penha, onde foram impedidos por Soldados do Exército de caminhar por algumas áreas e até o momento não temos informações do que está acontecendo pela região da mata.

Ontem (21), um dia após o Rio de Janeiro registrar o maior número de tiroteios este ano, segundo informações do OTT (Onde Tem Tiro), com 43 casos, 5 jovens da mesma família foram detidos dentro de casa enquanto jogavam videogame no Morro do Sereno, na Penha. A mãe de um deles seguiu até a Cidade da Polícia, onde foi impedida de ver o filho e informada que os rapazes seriam encaminhados para Benfica, mas até o momento ninguém tem informações sobre o paradeiro dos jovens.

Segundo informações do Datafolha, em uma pesquisa divulgada pela Folha de S. Paulo, o apoio a permanência do Exército nas comunidades do Rio caiu 17 pontos em dez meses, onde mostravam de início 83% dos entrevistados a favor das Forças Armadas. Atualmente a porcentagem caiu para 66%. O levantamento também mostra que cerca de 59% dos moradores desaprovam a presença dos militares e que não trouxe diferença positiva no combate a violência. O Gabinete da Intervenção Federal, que foi decretada pelo atual presidente Michael Temer em fevereiro de 2018, informou que a ocupação seguirá por tempo indeterminado.

De acordo com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, às violações de direitos de quem mora nos Complexos do Alemão, Penha e Maré serão apuradas, além de outros relatos onde moradores de várias partes das comunidades dizem que estão passando por pressão psicológica. Disparos em direção a sede de projetos sociais foram ouvidos e vistos e também há denúncias de torturas e agressões físicas de moradores de todos os gêneros e idades.

Parece 1964, mas essa história se passa no Rio de Janeiro, nos Conjuntos de Favelas dos Complexos do Alemão, Penha e Maré em 22 de agosto de 2018.

Mãe pede ajuda para encontrar filho detido dentro de casa

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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