Amor no coração e confiança nos amigos

Maria Eunice Sobrinha deixou a Paraíba aos 29 anos e, com dois filhos, pegou a estrada para o Rio de Janeiro com a cara e a coragem. Trabalhou como doméstica, investiu, virou vendedora de roupas de porta em porta, casou-se e dois anos depois saiu da Barra da Tijuca para, em 1985, comprar a casa na qual mora hoje, na Grota, no Complexo do Alemão. E, da janela de casa mesmo, conheceu aquela que viria a se tornar a amiga de uma vida, sua vizinha, e porque não uma irmã: Ivonete, também paraibana.

Muitas irmãs não tem tanta afinidade como essas duas que, juntas, dividem as muitas histórias da comunidade, risos e tristezas. E também choraram juntas, como quando Zé Maria, marido de Maria Eunice e pai da filha mais nova, Camila Maria, faleceu.
Após 30 anos de amizade, elas não têm dúvidas ao lembrar o que as conquistaram quando se conheceram: sinceridade, muitas vezes sem papas na língua.

Teste 3

Hoje, juntas, revelam a fala aberta, a intimidade que compartilham e muitas histórias para contar. Quando Ivonete estava grávida da filha mais nova, hoje com 16 anos, fartou-se de filar o jantar da amiga. “Aquele cheiro vinha pela janela e eu só perguntava se ela era quem estava cozinhando. Era a senha para ela me passar um prato pela janela”, conta. A janela, aliás, de tão perto, é o principal meio de comunicação das duas. “As vezes basta gritar de dentro de casa para nos ouvirmos”, conta Eunice.

A proximidade foi unindo cada vez mais essas duas amigas, que não têm medo de dizer que a relação tornou-se mais forte do que as que têm com muitos parentes de sangue. Elas dividem a vida como um todo. E da relação e do apoio mútuo vêm a crença que sempre haverá alguém ao lado, para o que der e vier. Essa relação verdadeira, passa confiança, auto-estima, proporciona um sentimento de ter alguém sempre por perto, e estar bem.

http://naturanacomunidade.com.br/?p=215

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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