Alemão faz revezamento de tocha pedindo paz

Foto: Betinho Casas Novas
Foto: Betinho Casas Novas

No último sábado (16/07) aconteceu o revezamento da tocha olímpica do Alemão. O ato simbólico idealizado pelo Coletivo Papo Reto, em parceria com o Jornal Voz da Comunidade, reuniu moradores, ativistas e imprensa em uma caminhada pela Estrada do Itararé às 11h da manhã, saindo da base do CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), na Av. Itaóca, e encerrando na Rua Joaquim de Queiroz, na boca da Grota. Junto a tocha, foi revezado o carregamento de um caixão de papelão com o nome de mortos e feridos desde 2014 nas favelas do Alemão, segundo levantamento do Instituto Raízes em Movimento.

Com a proximidade dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro e a constante preocupação com a violência, o ato buscou chamar a atenção para o absurdo vivido diariamente dentro da comunidade. A cidade está dividida entre festa e medo e para os moradores do Complexo que massivamente irão acompanhar os jogos de longe, prevalece o medo. Medo de ser alvo da próxima bala.

Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade
Foto: Renato Moura

Só este ano, até o fechamento da edição, tiveram 35 vítimas de confrontos armados, entre mortos e feridos, moradores, bandidos e policiais, e a preocupação é de que o número não pare de crescer. É cerca de 1 baleado a cada 5 dias.

Teste 3

IMG_5976

Foto: Betinho Casas Novas

O impacto da violência pode ser percebido pela queda de movimento do comércio, pelas constantes pausas do teleférico, pelos furos de balas em paredes e pela quantidade de aulas suspensas.

O evento reuniu a imprensa local e a internacional que estava interessada em mostrar a saturação da comunidade sendo protestada de forma pacífica. Ao final da caminhada foram lembrados mais uma vez os nomes das vítimas, além de nomes que podem vir a constar nos próximos registros se nada for feito com urgência. Um forte apelo foi feito para que as autoridades movimentem-se também em prol da paz.

Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

Foto: Renato Moura

Uma moradora que esteve presente no local, e não quis se identificar, comentou sobre a insegurança de sair de casa sem saber como estará na volta. “Eu rezo todos os dias quando saio e vejo meus filhos írem pra escola e pro trabalho. Peço a Deus para nos guardar e proteger a todos aqui no morro. É o que nós podemos fazer hoje em dia, orar muito para que não sejamos o próximos a sofrer”.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]