417 famílias têm prazo de 15 dias para deixar imóveis no Complexo do Alemão

A valorização imobiliária no Complexo do Alemão desde a pacificação, em novembro de 2010, tem tirado o sono de ao menos 417 famílias, desalojadas pela alta do aluguel. O aumento passa de 100% em muitos casos. Moradoras do loteamento Parque Novo, essas famílias ocuparam a área de igreja que será desapropriada pelo estado para dar lugar a conjunto habitacional.

“Não tivemos condições de nos manter. Os aluguéis ficavam entre R$ 100 e R$ 250, agora vai de R$ 300 a até R$ 1 mil”, disse a presidente da Associação de Moradores do Parque Novo, Débora Rodrigues. As famílias começaram ontem a se cadastrar no programa de aluguel social, da Secretaria de Assistência Social. A primeira parcela de R$ 400 deverá ser paga em 28 de fevereiro. Depois, terão 15 dias para desocupar o terreno. “Com o aluguel social, não sei se vamos achar casa aqui”, teme Débora.

 Carmélia, em frente à casa que alugava e precisou abandonar, após aumento de R$ 300 para R$ 600 | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Carmélia, em frente à casa que alugava e precisou abandonar, após aumento de R$ 300 para R$ 600 | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia

Carmélia Andrade de Souza alugava uma casa por R$ 300. “Na semana seguinte à pacificação, o proprietário pediu R$ 600. Eu disse que não tinha condições de pagar, e ele disse para eu ir embora. Foi quando me juntei à invasão. O comércio também aumentou. Antes eu fazia e vendia salgados e açaí. Agora, com a alta dos preços, não sobra mais dinheiro nem pra comprar os ingredientes. Por R$ 500 reais só encontro espaços até 15 m², impossível para uma família”, reclama.

Teste 3

Marlucia Nunes, dona de casa com seis filhos, sofre de problema respiratório e não pode subir e descer o morro, onde o aluguel é mais barato. Ela reclama que proprietários ainda exigem três meses de aluguel adiantado: “Eu alugava meu cantinho por R$ 250. Passou para R$ 500. E o dinheiro para comer e pagar luz e água?”.

Via: Jornal ODIA

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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