Ser catador de recicláveis não é fácil. No Brasil, cerca de 800 mil pessoas estão na profissão e, mesmo que desempenhem uma atividade que contribui com diferentes setores do país, o grupo, muitas vezes, é invisível para a sociedade e para governantes. Catador há mais de 20 anos e morador do Complexo do Alemão, Luciano Coelho encontrou na reciclagem uma alternativa para o desemprego que cresceu nos últimos meses. “Não me considero um simples catador. Sou um gestor ambiental”, disse.
Já são mais de 14 milhões de pessoas sem emprego no Brasil, de acordo com o IBGE. Na região em que Luciano cata e separa o lixo, o número de catadores aumentou devido aos impactos causados pela pandemia. A reciclagem, há cerca de um ano, é a única fonte de renda de Luciano que, para garantir o sustento de todo o mês, precisa trabalhar mais de 14 horas por dia. Só é possível conseguir uma boa remuneração juntando uma quantidade muito alta de materiais.
O trabalho que os catadores realizam é de utilidade pública já que o impacto positivo da atividade é grande. Luciano dá um exemplo: “O que eu tiro do lixo vai para a grande indústria e ainda dá desconto para a gente que vai comprar o produto de novo. Então, eu ajudo o meio ambiente e a economia”, afirma. No entanto, a falta de inclusão social, o desgaste e o preconceito ainda demonstram a realidade cruel que é imposta a estes profissionais.