Ação de Natal do Voz das Comunidades chega ao Vidigal com distribuição de 200 cestas básicas

As famílias da região também receberam máscaras, álcool em gel e livros infantis

Neste domingo (20), o Voz das Comunidades realizou a distribuição de 200 cestas básicas no Vidigal, Zona Sul do Rio de Janeiro. A ação reuniu mais de 30 voluntários, vindos de diversas favelas, e fez parte da campanha ‘Por um Natal Melhor”. A iniciativa tem como objetivo levar alimentos para os moradores das comunidades cariocas que vivem em situação de vulnerabilidade social e em áreas de maior descaso do governo. Além dos alimentos, as famílias da região também receberam máscaras, álcool em gel e livros infantis. Todas as medidas de proteção e de segurança contra o novo coronavírus foram seguidas pelos envolvidos.

A ação reuniu mais de 30 voluntários. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Os alimentos foram distribuídos em várias localidades do Vidigal, entre essas, Arvrão, 25, Pedrinha, Largo do Santinho, Atalho e 14. A chegada dos alimentos deixou sensação de alívio nos moradores contemplados. Carlos Henrique, de 19 anos, mora com um amigo – que estava viajando – conta que a cesta fará a diferença em seu fim de ano. “Com o prolongamento da pandemia está cada vez mais difícil conseguir trabalho”.

Carlos tem tido dificuldade de achar trabalho e disse que a cesta vai ajudar muito. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

O praticante de parkour e fotógrafo diz ainda que espera que o novo ano renove as pessoas e que a solidariedade seja cada vez maior. “Esses alimentos vão me ajudar muito. É importante que essas ações continuem, as pessoas precisam abrir a mente, e ver a importância da empatia, acho que a pandemia veio para isso também, para que todos reflitam sobre tudo”.

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Assim como Carlos, Mônica Ferreira, de 43 anos, contou que a cesta básica irá completar a ceia de Natal de sua família. “O período de pandemia tem sido difícil. Sou diarista, então dependo da demanda de trabalho. Agora, sem o auxílio, as coisas vão ficar mais difíceis”. Mônica conta que não apenas a ação deste dia 20 de dezembro, mas também outra doação do Voz foram fundamentais para um fim de ano mais feliz. “Eu também ganhei um chester em um outra ação do Voz das Comunidades, que eu congelei e vou fazer no Natal, junto com esses alimentos que recebi agora”, relata emocionada.  

Mônica guardou o chester que ganhou do Voz das comunidades e conta os alimentos entregues neste domingo vão completar sua ceia de Natal. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Os mantimentos recebidos pela diarista vão fazer a diferença não apenas para ela mas para outras quatro famílias. “Tenho quatro filhos e todos eles estão desempregados, por isso, eu ajudo como posso. Vou dividir a cesta com eles”. Mônica, que é cria do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, e mora no Vidigal há 22 anos, também falou sobre o futuro. “Não estou com esperanças de que as coisas vão melhorar rápido. Por isso, é de extrema importância que esse tipo de ação continue. Tem muita gente precisando na favela”.

O neto de Mônica, Miguel Batista, que está aprendendo a ler, recebeu livros infantis, da ação. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

A voluntária Kelly Ribeiro, de 33 anos, moradora do Complexo da Penha, está em sua terceira ação de fim de ano, e fala sobre esperança. “Eu estava na distribuição de ontem (19) no Complexo da Penha também. O fato dessa iniciativa estar acontecendo aqui no Vidigal é ótima. Mostra que o Voz está conquistando mais um espaço e podendo ajudar mais pessoas. O que a gente mais ouve é o quanto aquela doação chegou no momento certo. Ouvimos isso de gente que, de fato, estava sem nada para comer naquele dia. É gratificante ver o sorriso das pessoas, a esperança que é plantada nessas casas”.

A voluntária Kelly Ribeiro participou das ações que aconteceram nos Complexos do Alemão e da Penha e não hesitou em participar também da que aconteceu no Vidigal. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Já para o fundador e editor-chefe do Voz das Comunidades, Rene Silva, de 27 anos, a palavra é transformação. “A sensação é de que estamos expandindo, chegando em outros territórios, e a gente quer cada vez mais que isso aconteça. Há uma necessidade muito grande em todas as favelas do Rio de Janeiro. Infelizmente, ainda não podemos atender a todas, mas chegar em outro espaço é um marco importante. Em 2021, queremos chegar também com projetos educativos e culturais, com o viés principal de  transformação social”, conta.

Rene finaliza falando a respeito das dificuldades que as favelas do Rio de Janeiro e do Brasil vem passando. “A gente vê pessoas muito preocupadas com o fim do auxílio emergencial. A gente vê pessoas chorando, ajoelhando-se, como teve ontem no Alemão e na Penha, e agradecendo muito, porque muitas vezes aqueles alimentos irão compor a refeição da semana, do fim de ano. É uma situação desumana. Sabemos que não vamos conseguir salvar o mundo, mas queremos chamar a atenção do poder público para a miséria que vem assolando nosso país e que vem se agravando cada vez mais”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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