Com afeto e aconchego, Dengo Bar aposta na Black Music e aquilombamento

Criado em julho deste ano, o estabelecimento investe no fortalecimento cultural da favela do Vidigal
Foto: Guilherme Oliveira / Voz das Comunidades
Foto: Guilherme Oliveira / Voz das Comunidades

Como um local de encontro, de aconchego e celebração pelas ruas do Vidigal, o Dengo Bar, do fotógrafo francês Rudy L’homme, de 45 anos, possui o afeto e a troca cultural através do ritmo Black Music como características comuns do estabelecimento. Localizado na avenida João Goulart, 376, a “casa”, como define Rudy, investe na ancestralidade negra e no fortalecimento da comunidade LGBTQIA +. Criado em julho deste ano, o espaço tem o aquilombamento como norte.

“O Dengo Bar é uma casa para todos e todas. Aqui é o lugar onde as pessoas vêm para celebrar, curtir uma boa música “black” e ainda aproveitar os melhores drinks do nosso cardápio. Nos nossos eventos, tocamos de James Brown a Erykah Badu, de Bob Marley a Fela Kuti e também aproveitamos para apresentar músicas dos artistas locais”, comenta Rudy. 

Nesse objetivo de fortalecer o vínculo local, o Dengo Bar realiza intervenções artísticas e eventos de empreendedorismo com moradores da favela da zona Sul. Para Rudy, construir uma relação de proximidade com a comunidade é o ponto mais importante do seu comércio. 

Através de drinks e petiscos, Vanessa serve afeto para clientes do Dengo Bar.
Foto: Guilherme Oliveira/Voz das Comunidades

Teste 3

“As portas estão sempre abertas para os empreendedores e artistas locais. A ideia é construir um ambiente tranquilo para todos. Aos domingos, o brechó da Princesa da Favela, que é daqui do Vidigal, vem para cá mostrar suas peças e reunir o pessoal do empreendedorismo feminino”, destaca.

Há quatro anos no Vidigal, Rudy explica que conheceu o Brasil em 2008 enquanto realizava uma viagem pela América do Sul. De lá para cá, rodou o mundo com seu trabalho de fotógrafo pela Agência Reuters, na qual trabalhou durante 13 anos. Na maior agência internacional de notícias, conquistou histórias e prêmios na área jornalística. 

“A cada nova mudança, uma nova descoberta sobre mim. Recebi o prêmio de melhor fotógrafo na Inglaterra por uma foto produzida na África e tive a oportunidade de morar em diversos países. Por agora, lembro de morar nos Estados Unidos, Austrália, Espanha, México e Inglaterra. Porém, quando retornei para o Brasil em 2016, para trabalhar nas Olimpíadas, percebi que aqui era o meu lugar. O Brasil tem a característica de misturar todas as tradições em um só lugar”, comenta. 

Nessa perspectiva de se permitir conectar-se com todos os cantos do mundo, Rudy conheceu os seus sócios no Dengo Bar: a baiana Raquel Reis e o carioca Ramon Carvalho. Ao lado deles, surgiu a ideia de construir um espaço que se liga a todas as culturas e tribos. E, de acordo com eles, o olhar não poderia ser  diferente: África. Aliás, a palavra “dengo” reflete no interior da palavra “chamego” e, de acordo com os valores do estabelecimento, é um sopro da criação original e do quilombo íntimo do continente africano

“A gente do Dengo Bar entende que a África é onde tudo começou, onde tudo se conecta. Então, temos essa ponte com todos a partir desse olhar afrodescendente. Eu, que rodei diversos países, finalmente me sinto em casa aqui. A casa cultural do Vidigal”, finaliza. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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