Se ganhasse vida, Cristo Redentor viraria de frente para a Marquês de Sapucaí para abençoar a cultura musical mais presente da favela: o funk. O ritmo que nasceu nas comunidades do Rio de Janeiro chegou, mais uma vez, a seu ápice anual no Rio Parada Funk 2022. Em sua 10ª edição, o evento reúne DJs, MCs e um grande público de diferentes épocas e comunidades do Rio de Janeiro.
Ainda que tenha aberto os portões com pouco de atraso, o Rio Parada Funk fundiu o antigo com o novo e uniu todas as idades. Mães, pais, filhos, amigos… Os morros desceram para o asfalto, mas não asfalto comum, mas sim para o asfalto de uma das pistas mais famosas do planeta: Marquês de Sapucaí.
Ao longo dos 700 metros da estrutura a céu aberto, caixas de som faziam o público vibrar com as batidas de diferentes manifestações do mesmo movimento e o volume das batidas não deixou ninguém parado. Prestigiando o evento, o casal Rene Junio, de 40 anos e Suellen Martins, de 33, ambos do Complexo da Penha, estavam presentes no local. “O funk tem uma importância gigante, é cultura da comunidade, que chega aqui e abraça todo mundo”. Suellen complementa. “Funk é potência, assim como a favela é potência. É o funk é exemplo disso. Nasce nas comunidades do Rio de Janeiro e toma o mundo todo.”
Teste 3
O Rio Parada Funk, além dos palcos, teve várias atrações, como espaço de tranças, bares e até um espaço Kids. A criançada pôde se divertir na cama elástica, piscina de bolinhas, touro mecânico e outras atividades. Quem aproveitou bastante foi o Luan Miguel, de 3 anos, filho da Ana Beatriz, de 21. Moradora da Cidade de Deus, Ana Beatriz, trouxe o filho pra mostrar a cultura do funk. “Trouxe ele pra curtir e conhecer mais sobre o nossa cultural musical da favela.”
Nos bastidores, o clima dos artistas era como se fosse uma confraternização de final de ano. Grandes nomes do funk trocavam ideias, músicas, memórias e muitas risadas. Os Hawaianos, MC Marcinho, Grandmaster Raphael e Velha Guarda do Funk cantavam e trocavam fotos com fãs que aguardavam pela passagem deles no salão dos bastidores. O casal Rosângela Cândido e Fábio dos Santos estavam lá esperando. Moradores da comunidade Mandela, Benfica, Zona Norte do Rio, eles estavam com acesso especial e registraram momentos com artistas que passavam. “Ver os artistas aqui é sensacional! A gente vê eles só pela TV e, quando chega aqui, eles são super acessíveis e conversam muito com a gente. É muito bom!”, avalia Rosângela. “Isso aqui é favela. O funk ganhou o mundo e isso mostra o quanto que a cultura do funk vai longe. A gente tá na Sapucaí!”, vibrou Fábio.
A DJ Germânia, do Morro do Fallet, fez sua estreia no Rio Parada Funk e tocou em um dos palcos que davam acesso para a Praça da Apoteose. “Foi legal demais ver a galera chegando e já ficando. É uma energia muito boa”, contou.
O Rio Parada Funk se mostra não só como o maior baile funk do mundo. Mostra também o quanto a comunidade curte, dança e faz de toda a cultura musical um grande ícone na representatividade da periferia. Confira fotos do evento: