Mesmo com a correria da profissão de maqueiro, o bom humor de Renato Silva, de 39 anos, é uma presença certa pelos corredores do Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul. Trabalhando há 17 anos no hospital, Renatinho, como é mais conhecido pelos funcionários, se compromete com o bem-estar das crianças e adolescentes do setor de pediatria de forma diferente: pintando as paredes com desenhos e paisagens do Rio de Janeiro.
Cria do Jacarezinho, mas morador do Complexo do Alemão há 16 anos, Renato observa a arte como fonte de inspiração para os jovens e, também, de alívio da preocupação deles no momento do atendimento no hospital. De acordo com ele, muitas vezes, por ser uma casa de saúde, os jovens chegam no setor nervosos e apreensivos.
“Quando eu cheguei aqui, esse corredor era todo branco, igual os outros do hospital. Eu apresentei a ideia para o diretor de pintar o corredor todo à mão e deixar o ambiente mais leve para as crianças e adolescentes que passam por aqui. É como se fosse um mundo à parte do hospital, um mundo mais vivo e alegre”, destaca Renato.
Inspirado pelo apoio do diretor Dr. Ruy Monteiro, o maqueiro artista desenhou paisagens cariocas e localidades do Rio de Janeiro, como o estádio Maracanã, a favela da Rocinha e o Banco Central. Renato destaca que a rede de apoio do hospital fez uma grande diferença em sua trajetória e, por isso, ele quer transformar a vida de quem passa por ali.
Teste 3
“Eu cheguei aqui muito jovem, com 22 anos. O meu tio trabalhava no hospital e, naquele tempo, eu peguei tuberculose aqui. Os funcionários da casa de saúde me abraçaram e comecei a trabalhar aqui logo depois. De lá para cá, eles viraram a minha família”, comenta.
Por sua dedicação pelo bem-estar dos pacientes e funcionários, ele recebeu uma grande homenagem do Hospital Miguel Couto no último ano. Após a reforma da sala do servidor com suas pinturas nas paredes, o diretor renomeou o espaço com o seu nome completo: Renato Pereira da Silva.
“Foi uma grande surpresa o diretor renomear o espaço com o meu nome. Ele é uma pessoa muito gentil, mas muito reservado. Então, quando vi a placa com o meu nome, eu nem acreditei. É um reconhecimento incrível. Outra forma de me sentir feliz com a minha arte é perceber a felicidade das crianças quando passam por aqui”, relembra.
Pertencendo a uma família conectada com o lado artístico, porque seus irmãos também pintavam, o maqueiro encontrou o talento com a pintura desde cedo. Dos seus familiares, foi o único que expandiu pela cidade os rascunhos em folhas de papel para paredes. Além das pinturas no hospital na zona Sul do Rio de Janeiro, Renato também grafitou a sua arte pelas comunidades do Alemão e do Jacarezinho.
“Pra mim, a arte é um hobbie, que consigo me expressar e deixar um pouco de mim pelos ambientes. Quero alegrar os lugares que passo com minha arte. Uma das temáticas que gosto de pintar é de pássaros voando”, explica.
Além de sua paixão por pinturas de pássaros e paisagens a céu aberto, Renato também compartilha o amor pelo Flamengo. Torcedor fanático do mengão, como se define, ele acompanha frequentemente os jogos do seu time do coração. Também é comum encontrar ele com a camisa rubro-negra nos corredores do Miguel Couto.