Lixão a céu aberto vira buraco empoçado, causa infestação de bichos e afeta moradores da Alvorada

Localizado na Praça do Cruzeiro, no Alemão, o problema existe há alguns anos e, até o momento, nada foi feito
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Cheiro podre durante o dia inteiro, infestação de moscas, tapurus e ratos. Isso é um pouco do que os moradores da Alvorada, no Complexo do Alemão, têm que lidar, fazendo com que fiquem com as janelas e portas fechadas o dia inteiro. Há alguns anos existe um lixão a céu aberto na Praça do Cruzeiro que, com as escavadeiras da Comlurb, já virou um buraco cheio de lama e chorume. 

Girleide Andrade, de 43 anos, mora exatamente em frente a este lixão. O bocal da primeira localidade de sua casa, a varanda, está tomado por fezes de moscas. Na porta de sua casa, diversos tapurus. O cheiro forte de coisa podre não dá trégua nem por um segundo. Então, ela conta que passa o dia todo dentro de casa.

“Eu fico trancada 24 horas. Já pensou? No calor, com tudo trancado. Não pode nem entrar um ar”, manifesta. “É insuportável esse cheiro! Dá rato, dá tudo! Os tapurus ficam na minha porta de manhã. Quando começa a chover, eles começam a subir pela porta. Quando faço comida, temos que comer logo, não dá para deixar em cima do fogão. Eu sempre tenho inseticida em casa. Gasto direto, compro muito, porque é muita, mais muita mosca! Faz anos que sofremos com isso. Já era ruim, mas agora está bem pior! Só mora aqui mesmo quem não tem para onde ir, porque, se eu pudesse, nem morava mais aqui”, afirma. 

Lixão a céu aberto na Alvorada
A condição precária com que o espaço se encontra
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Teste 3

Miriam Francelino, de 40 anos, que mora na rua atrás de onde está o lixão, também sofre com a insalubridade do local. “O chão está afundando, porque a draga vem e escava. Daí vai aumentando o buraco. Dá muito rato e muita mosca! O varal da minha mãe fica empesteado de mosca. Tapuru também… Aí, olha! Sentimos esse cheiro o dia inteiro. Ficamos trancadas dentro de casa! Meu irmão falou com o órgão da prefeitura dia 23 de janeiro e não teve resposta. Minha mãe fica trancada direto”, desabafa. 

A mãe de Miriam, dona Espedita da Silva, de 75 anos, reclama que não pode nem colocar uma roupa branca no varal que fica preta de mosca. “Eu fico o dia inteiro trancada. E, dentro de casa, fica com mosca varejeira. Se eu for fazer uma comida tem que deixar trancada na geladeira. Ninguém suporta mais esse cheiro! É muito podre! Muito podre! Tem dia que eu passo mal dentro de casa, esse cheiro ataca tudo”, compartilha.

Lixão a céu aberto na Alvorada
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

De acordo com a Associação dos Moradores, há um projeto da prefeitura em que serão levadas caçambas para a comunidade. Alguns dos locais seriam na Estrada da Alvorada e a Rua do Cruzeiro, já que é uma via muito movimentada. “Isso já foi solicitado. Estamos aguardando eles cumprirem. O perfeito havia falado que espalharia centenas de caçambas de lixo pelo Complexo do Alemão, mas ainda faltam algumas localidades”, disse Paulo Marcos, presidente da associação. Ele disse também que, quanto ao aterramento do local, não obteve nenhum posicionamento do órgão responsável.

A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) se pronunciou alegando que “aguarda a Secretaria de Conservação fazer uma obra no local para poder instalar até seis caixas metálicas de 1.200 litros. A Secretaria de Conservação fará uma vistoria no local”.

A Secretaria de Conservação ainda não deu um prazo. A equipe de reportagem solicitou uma resposta.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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