Os jogos digitais são atividades muito populares entre os jovens. Personagens memoráveis e games marcantes fizeram e ainda fazem parte da vida de várias pessoas. Para os nascidos na década de 90, os videogames eram um tipo de diversão cara e barata ao mesmo tempo. Cara devido aos preços elevados de consoles nas lojas e jogos da época (atualmente ainda continuam caros), mas também barato por conta das casas de jogos localizadas em bairros periféricos. Nos anos 2000, as lan houses, famosas na época, passaram a ser uma das opções de entretenimento para a garotada. O jogo Counter Strike era, disparado, o favorito dos frequentadores.
Atualmente, o cenário dos games é bem diferente. Se destacando com o nome de e-sports, os jogos vão além dos consoles de marcas conhecidas (Nintendo, PlayStation e Microsoft), e chegam a uma nova modalidade: chamada de games mobile. Ou seja, os jogos para celulares. O mercado de games mobile cresceu muito nos últimos anos, principalmente durante a pandemia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Game Brasil, em 2021, quase 50% dos jogadores de jogos eletrônicos pertencem à classe C, D e E, justamente onde estão inseridos jovens moradores de comunidades. E, devido ao distanciamento social, muitos viram nos jogos eletrônicos feitos para celular uma opção de diversão e, também, uma forma de profissionalização.
O jogo que mais faz sucesso entre a garotada atualmente é o Free Fire. Publicado pela empresa Garena, o jogo consiste em uma modalidade chamada battle royale, que coloca vários jogadores simultaneamente para uma disputa dentro de um mesmo espaço. Enquanto buscam suprimentos pelo cenário, os players (jogadores) matam uns aos outros. Ganha aquele que sobreviver.
Teste 3
A quantidade de adeptos é tanta que campeonatos começaram a ser organizados. A Taça das Favelas é um exemplo. Reunindo times de comunidades de todo o Brasil, o último evento, em 2021, contou com mais de 100 mil reais em premiações.
No Rio de Janeiro, a Comissão Organizadora de Esportes Eletrônicos (Coeerj) é uma das iniciativas que promovem novos jogadores, times de sports, eventos e campeonatos de games mobile. Um dos diretores da Coeerj é Alessandro da Silva, de 39 anos. Foi convidado a ingressar na comissão após participar de eventos de jogos voltados às comunidades.
“A Cooerj é um projeto que busca dar voz à garotada das comunidades através dos jogos eletrônicos. Estamos buscando recursos para trazer o melhor para eles. Mostramos que eles podem ir além dos jogos, podendo se tornar designer, trabalhar com organizações ou ajudar pessoas. Mas eles tem que mostrar como se faz. Nosso papel é ensinar aos meninos o que eles podem fazer, que podem crescer e dar orgulho para os familiares deles. O caminho eles têm. Basta quererem seguir”.
Alessandro é o gestor do time Darkside, formado por 4 jovens de diferentes comunidades: Morro do Adeus, Acari e Para-pedro, no bairro Irajá.
Daniel Costa da Silva, 17 anos, é o CPT do time. Sua função é coordenar o time, o posicionando no mapa do jogo. “Me sinto orgulhoso em participar da Darkside porque o time chegou num momento pesado na minha vida. O time me resgatou. Hoje eu faço o que eu amo e faço muito por uma pessoa que foi muito especial para mim”.
Gabriel Costa é o suporte da Darkside e, para ele, participar com o time é muito importante. “Estou há 4 anos no time e é uma gratificação imensa participar de uma organização tão grande assim. Gosto muito do que eu faço”.
Daniel Gomes, 16 anos, tem como função ser o segundo rush (rush = infantaria) e sempre quis fazer dos jogos eletrônicos uma profissão. “Sempre quis isso para mim e a Darkside está me dando essa visibilidade, me mostrando novos caminhos e me ajudando no psicológico”.
O time da Darkside foi 2º lugar no 1º Campeonato de FreeFire do Complexo do Alemão e no evento organizado pela Coeerj. A garra dos meninos somada ao esforço da Coeerj mostra o quanto o mercado de games mobile ganha visibilidade entre jovens das comunidades do Rio de Janeiro.