“Ele trabalhava e estudava”, diz prima de adolescente de 14 anos morto durante incursão da PRF no Chapadão

PRF alega que reagiu a uma "injusta agressão" ao dar um tiro na cabeça da vítima
Foto: Reprodução
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Um adolescente de 14 anos, identificado como Lorenzo Palhinhas, foi morto durante uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Complexo do Chapadão, Zona Norte do Rio, na madrugada desta sexta-feira (28). Em uma imagem que circula nas redes sociais, o menino aparece no chão já sem vida com um tiro na cabeça, envolto em sangue.

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Após a morte de Lorenzo, moradores do Chapadão fizeram um protesto em frente à comunidade. Em um dos vídeos, uma das pessoas presentes grita: “Mataram uma criança… Esses federais deram um tiro na cabeça de uma criança”. Os moradores também confirmaram que ele estava trabalhando quando foi baleado. “Ele estava trabalhando fazendo entrega de lanches e também estudava“, contou a prima da vítima, que preferiu não ser identificada. 

Em entrevista ao Jornal Extra, a mãe de Lorenzo, Celine, desabafou:

“Meu filho nunca teve envolvimento, ele era trabalhador. Trabalhava tem muito tempo. Ele levou um tiro na cabeça, não foi bala perdida. Estava com mochila da entrega de hambúrguer, tudo direitinho. Ia voltar pra casa já. Cheguei lá e ele tava estirado no chão e com dinheiro da taxa na mão”.

Celine, mãe de Lorenzo

Teste 3

A operação policial foi motivada pela morte de um dos agentes da PRF, Bruno Vanzan, de 41 anos, que reagiu e entrou em confronto durante um assalto na Transolímpica, próximo à Vila Militar, Zona Oeste do Rio. O fato aconteceu na tarde da quinta-feira (27).

Em nota, a PRF alegou que “tiveram êxito em apreender dois menores e neutralizar um outro que, ao avistar a viatura dos policiais rodoviários federais, atirou em sua direção”. Ao serem questionados sobre “neutralizar” um menor de idade com um tiro na cabeça, a instituição respondeu que reagiu a uma “injusta agressão”. A estratégia defendida pela PRF, neste caso, é de execução.

Assistência à família

Orgãos competentes, como a Ouvidoria e Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, Comissão de Defesa da Crianças e do Adolescente da Câmara Municipal e a ONG Rio de Paz estão atuando desde cedo no caso, em conjunto com moradores do Chapadão e familiares.

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Declaração da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (FAFERJ)

A faferj emitiu a seguinte nota: “Uma criança de 14 anos foi executada no Complexo do Chapadão nesta madrugada, a FAFERJ acompanhou junto com líderes comunitários a madrugada de tensão e desrespeito aos moradores que tentavam impedir a remoção do corpo e desfazimento da cena do crime. Tivemos o apoio da Ouvidoria da Defensoria Pública. Moradores enviaram vídeos, fotos e relatos para o Plantão do Ministério Público do Estado.

Lamentamos que as forças policiais sejam tão ou mais violentas que aqueles dizem combater. Em tempo, há meses denunciamos o abandono da Cpx do Chapadão que sofre sem infra-estrutura urbana e projetos educacionais ou sociais. E nessa região que estão os piores números de IDH e altíssima evasão escolar, enquanto isso o Governo só manda Polícia.”

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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