Para o Governo do Rio de Janeiro, o título de polícia mais letal do Brasil, através dos agentes que atuam no município, não parece ser uma questão urgente para a segurança pública. Pois, mesmo com a estratégia de instalação de câmeras nas fardas comprovando a redução nesse índice de violência, a atual gestão de Cláudio Castro ainda não apresentou um cronograma de instauração da tecnologia nos uniformes. Com isso, vai na contramão de localidades como São Paulo e Santa Catarina, que adotaram a estratégia e tiveram a diminuição de 85% e 56% nos batalhões equipados.
Caso o projeto de segurança estivesse ativo nas últimas operações policiais mais letais no Rio de Janeiro, na favela do Jacarezinho (2021) e no Complexo da Penha (2022) com 28 e 9 mortos (ambas localidades que estão na primeira remessa de instalação de câmeras nos agentes que realizam as ações nos territórios), o número de mortos teria uma grande diminuição, conforme apontam as pesquisas realizadas em outros estados.
Além disso, as informações do Governo do Rio de Janeiro indicam que o funcionamento integral do programa, que instalaria 21.571 câmeras operacionais compradas em setembro do ano passado e transmitiria em tempo real para o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) as atuações realizadas durante as intervenções (e arquivaria as imagens em 60 dias), facilitaria trabalho de investigação das instituições públicas, como a Corregedoria e o Ministério Público.
Teste 3
Para entender o progresso do planejamento do Governo e das instituições de segurança pública a respeito dos aparelhos de filmagem nos uniformes, a equipe de reportagem entrou em contato com o Núcleo de Comunicação do Governo e a Secretaria de Estado de Polícia Militar. Delas, apenas a corporação policial encaminhou mais informações sobre a iniciativa que custou mais de R$ 6 milhões para os cofres público e ainda não apresentou um cronograma.
Em nota, a instituição afirmou que reiniciou as atividades com a empresa L8 (companhia que elaborou o contrato junto com o Governo) para a implantação de oito mil câmeras corporais e encaminhou um pedido de cronograma para início do procedimento. Ainda de acordo com o posicionamento da Polícia Militar, a prioridade da instalação da tecnologia será nas unidades operacionais do 1º e 7º CPAs (Comando de Policiamento de Área), responsáveis pelo policiamento nos bairros do Centro, Zona Norte e na Zona Sul do Rio de Janeiro; além dos municípios da Região Serrana do Estado. Dentro dessas áreas de patrulha, o Complexo da Penha e o Jacarezinho estão na lista preferencial.
Em 3 de fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou que a Polícia Militar do Rio de Janeiro possui 180 dias para a instalação da tecnologia nas fardas dos agentes. O prazo é estipulado para a 1ª data de agosto. Entretanto, os poucos eventos de testes da instituição demonstram que possivelmente não cumprirão a decisão.
Nele, 160 agentes utilizaram fardas com câmeras instaladas no decorrer da patrulha na região. Porém, quando questionada sobre a continuidade desses eventos testes em localidades que realmente existem uma letalidade policial maior, a instituição não retornou o questionamento.