“O beco aqui na frente de casa está cheio de sangue e os moradores gritando que tem gente baleada”, diz morador

Com 12 horas de operação, chacina policial deixa, ao menos, 20 mortos no Complexo do Alemão
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

“O beco aqui na frente de casa está cheio de sangue e os moradores gritando que tem gente baleada”, esse é o relato de um morador do Complexo do Alemão que, desde às 5h30 desta quinta-feira, enfrenta um cenário de guerra em frente a sua própria residência e por motivos de segurança não terá a identidade revelada.

Ainda sem horário para terminar a chacina policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE), que já deixou 20 mortos no Alemão, muitos moradores possuem com receio de saírem de casa, pois sabem o risco que uma pessoa que reside nas favelas do Rio de Janeiro carrega ao passar de seu próprio portão – e, em alguns casos, até dentro deles já que o clima de iminente tiroteio na região perdura há 12 horas.

Em virtude dessa letalidade na comunidade, a avenida Itararé, a principal rua de acesso no Alemão, permaneceu interditada pelos agentes policiais por mais de 8 horas, impedindo a saída ou a entrada de moradores que estavam em direção aos trabalhos, cursos, compromissos e outras agendas.

A chacina no Complexo do Alemão é um reflexo da postura genocida adotada pela segurança pública do Estado do Rio de Janeiro no último ano. Nesse período de tempo, os agentes policiais sob o comando do governador Cláudio Castro efetuaram a chacina do Jacarezinho (06 de maio de 2021, com 28 mortes) e do Complexo da Penha (24 de maio de 2022, com 25 mortos). De acordo com a matéria do Nexo Jornal que utiliza dados da plataforma Fogo Cruzado, com a ação de hoje, a gestão do atual governador possui as três maiores chacinas policiais na história do Rio de Janeiro.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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