Livreiro distribui “sonhos” em biblioteca móvel no Alemão

FOTO: O DIA
FOTO: O DIA

Quando, ainda criança, encontrou um livro no lixo, Otávio César Santana Júnior, hoje com 28 anos, não imaginava que ali começava uma história mais encantadora do que a vivida por Dom Raton, o pretendente de dona Baratinha na trama. O amor pela vida de sonhos proporcionada pelas letras levou o menino do Morro do Caracol, no Complexo do Alemão, a percorrer bibliotecas públicas do Rio, lendo 11 livros por dia, até decidir compartilhar a descoberta que mudara sua vida.

Com a ajuda de uma ONG, ele criou a biblioteca móvel que há seis anos percorre becos e vielas do Alemão, reunindo as crianças da comunidade. Otávio monta a barraquinha, arruma os livros na estante e estende carpetes coloridos. Cinco minutos depois, dezenas de meninos são absorvidos pela leitura – como um dia aconteceu com ele junto a uma caixa de brinquedos velhos jogados fora. Foi ali que ele se refugiu também da violência do morro e a vivida em casa, com o pai alcoólico.

São vitórias como essa que levaram O Dia a premiar Otávio com a 10ª medalha Orgulho do Rio, que coloca em galeria de honra quem faz a diferença no Rio. Trêmulo, o livreiro do Alemão tentou conter as lágrimas ao ver a medalha no peito: “Puxa, valeu a pena. Sabia que, um dia, todo esse esforço seria recompensado.”

Teste 3

Projeto em expansão: Barracoteca no alto do Caracol, blog e autobiografia
Os sonhos de Otávio não pararam na biblioteca móvel. Ele transformou antigo salão de forró na sua primeira “Barracoteca” – biblioteca de obras doadas pelo Ministério da Cultura montada num barraco.

O local será batizado com o nome do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, o mais renomado autor de histórias infantis, autor de O patinho feio e a O soldadinho de chumbo.

Situada no alto do Caracol, a Barracoteca também faz parte do projeto Ler é 10 – Leia Favela, título do blog onde Otávio narra suas experiências na difusão da literatura. Ensinamentos que reuniu na autobiografia O Livreiro do Alemão. Segundo ele, mais de três mil crianças das comunidades vizinhas ao Caracol já devoraram os livros que oferece.

Fonte: Terra

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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