Peça feita por morador da Vila Vintém aborda pessoas que foram expulsas de suas favelas

Entitulada “Retratos de uma Favela”, o espetáculo teatral é dirigido por Rudson Martins e está em exibição para o público
Foto: Lucas Dias
Foto: Lucas Dias

Remoções nas comunidades do Rio de Janeiro afetam vários personagens de formas diretas dentro do contexto social. Antigamente, o centro da cidade era o principal local onde pessoas eram retiradas de seus territórios. Agora, a zona oeste é uma região vista pelo mercado imobiliário. A partir desta situação, mas partindo de uma perspectiva de quem sofreu com as remoções, a peça “Retalhos de uma Favela” trata de histórias de personagens que foram atingidos por esse movimento.

O espetáculo é escrito e dirigido por Rudson Martins, da Vila Vintém, que traz a importância de falar sobre a questão social das comunidades para as próprias comunidades. “Agente entendia que a gente precisava fazer um trabalho teatral que fosse do nosso público para o mundo. Da Zona Oeste para os demais lugares. Então olhando o nosso território, a gente começou a buscar algumas histórias”. “Retalhos de uma Favela”, de acordo com o diretor, parte do documentário Remoção de Luiz Antônio Pilar e Anderson Quack. Após assistir ao filme, Rudson começou um processo de pesquisa sobre o fato. “A gente começou a se aprofundar. Eu comecei a pesquisar um pouco mais e escrevi esse roteiro. Ele é baseado nesse documentário, mas a gente trouxe uma outra perspectiva. A gente trouxe da perspectiva daquele povo que tava lá no Morro do Pasmado”.

“Retratos de uma Favela” é uma produção totalmente independente, sem quaisquer patrocínios. Construída através de festas e eventos promovidos pela equipe da Cia. de Teatro Megaroc, a peça já percorreu teatros da rede NetRio, em Bangú, e uma temporada de sessões lotadas no Teatro Zimbinski, na Tijuca. “O público se reconhece muito com a história. Tem gente que está indo assistir o espetáculo cara pela décima vez”, relata Rudson, que considera um alto ponto significativo para com o público é que as pessoas levam parentes com mais idade para verem um trecho de suas histórias retratada na peça.

Teste 3

Jefferson Batista, 21 anos, é integrante do espetáculo. Para ele, a identificação do público com a história que contam e com as críticas que fazem ao poder público é algo que emociona.”A troca da gente para com o público é primordial. A peça fala sobre detalhes e pessoas que são reais. Quando estamos ensaiando é uma coisa, mas quando estamos diante da platéia e alguém tá identificando aquele personagem, seja um amigo ou vizinho ou um parente, é muito mágico. Dá sentido para o que estamos fazendo.

“Retalhos de uma Favela” está em exibição o Teatro Municipal Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon, Rio de Janeiro), toda terça, às 20h. Os ingressos custam entre R$10 e R$30 e podem ser adquiridos por ESTE LINK. É possível acompanhar a peça através do Instagram no perfil do “Retalhos de uma Favela”. Novidades sobre outros espetáculos da mesma produção, podem ser acompanhados no perfil da Megaroc.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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