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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a principal porta de entrada para o Ensino Superior no Brasil. Este ano, a prova será nos dias 21 e 28 de novembro. Pouco mais de três milhões de estudantes farão o exame. Com mais de uma década de existência, esta foi a edição com o menor número de inscrições. Comparando com 2020, ano em que a avaliação já ocorreu em meio à pandemia de Covid-19, a adesão foi 48% menor.
O fechamento das escolas devido à expansão do coronavírus no país transferiu o processo de aprendizagem para o ambiente on-line. No Brasil, de acordo com dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 40 milhões de brasileiros não têm acesso à internet, uma realidade que dificulta o acesso às aulas virtuais e a preparação para provas como a do Enem. Fatores como esses fizeram com que estudantes desistissem de realizar a avaliação. Entretanto, outras causas, como o “medo de errar”, também fazem parte do pacote de incertezas.
Teste 3
Esse é o caso da Rafaela Melo, de 22 anos, moradora da favela Bandeira Dois, localizada em Del Castilho, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ela conta que o receio de falhar foi o que a fez desistir do Enem. “Ficar dois dias presa dentro de uma sala de aula, fazendo uma prova longa, cansativa, e não conseguir passar, é frustrante. Ser conhecida como decepção da família, sabe? Eu entendo que pode não ser a minha ‘hora’, como as pessoas falam, mas eu tenho muito esse medo”, desabafa.
A jovem, que sempre estudou em escola pública, chegou a se preparar para o Enem. Mas, não finalizou a matrícula. “Quando fui fazer a minha matrícula, entrei em pânico, fiquei com isso na cabeça [medo de falhar] e não consegui. Acho que se eu ficasse também com esse pensamento durante a prova, eu não conseguiria me dedicar”, conta. Ainda assim, acessar a universidade e cursar a graduação continua sendo o grande sonho de Rafaela que quer fazer Psicologia, com especialização em transtornos mentais.
Já para Rayane Moutinho, de 21 anos, moradora do Complexo da Penha, a situação é outra. A jovem, que faria o Enem pela terceira vez, desistiu da prova porque foi aprovada no vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para o curso de Matemática, que ocorreu em julho. O resultado foi divulgado no mês de agosto. A estudante, que estava enfrentando desafios para estudar, conta que não fará o exame devido ao cansaço emocional e ao alto grau de complexidade, além da ansiedade com que precisaria lidar até novembro. “Por ser uma prova difícil, que exige paciência e outras coisas mais que, para este ano, não dão mais”, afirmou. Mesmo para a seleção da UERJ, considerada mais acessível, Rayane estava ansiosa, mas desesperançosa. Porém, encontrou no pré-vestibular Estudando Pra Vencer, na Penha, um lugar de acolhimento. “Não é todo lugar que tem alguém para te incentivar. E, lá tem. Eles estão do nosso lado”, explica.
O Enem deste ano será aplicado nos formatos impresso e on-line nos mesmos dias (21 e 28 de novembro) com algumas mudanças. Dessa vez, as duas versões terão provas e itens iguais. Quem optou pelo Enem Digital pôde solicitar recursos de acessibilidade, caso houvesse necessidade. Essa modalidade é voltada apenas para estudantes que já concluíram o Ensino Médio ou que devem concluir em 2021.
É importante lembrar que o exame mesmo sendo digital não será realizado em casa, e sim nos locais específicos de aplicação. A redação segue com formato impresso.