Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Há 195 anos, a primeira fotografia no mundo realizada pelo francês Joseph Nicéphore trouxe um mundo de possibilidades ao lado da habilidade de transformar momentos em registros. Hoje, dentro das alternativas oferecidas, fotógrafos ganharam um papel de destaque dentro do campo da comunicação e do jornalismo, principalmente, o comunitário.
Na companhia de câmeras e lentes, profissionais da fotografia demonstram a maestria de captar o cotidiano dos moradores e, também, de construir uma nova narrativa sobre a vida nas comunidades do Rio de Janeiro. É com esse olhar sensível na demonstração da vida dentro das favelas do Rio de Janeiro que Bruno Itan, de 32 anos, explora os melhores ângulos do Complexo do Alemão.
Teste 3
Em busca de apresentar uma narrativa natural sobre a vida que acontece na comunidade, Bruno potencializa as histórias dentro das favelas através do Olhar Complexo, um curso de fotografia gratuito para quem mora no Alemão, e utiliza o seu trabalho para combater a imagem preconceituosa sobre as favelas cariocas. A sua atuação por trás das lentes rendeu uma exposição de fotografias na inauguração do teleférico no Complexo do Alemão, em 2011, que contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff.
“Apertar o ‘click’ na câmera é a última coisa que faço. Antes de chegar nesse momento, eu visualizo a fotografia na minha mente. É importante pensar no que você quer dizer com aquela foto, pois uma boa fotografia é aquela que não precisa de uma legenda para a pessoa entender. Eu quero mostrar a vida comum dentro das favelas”, comenta Bruno.
Pavimentando esse caminho de quebras nas narrativas preconceituosas sobre o cotidiano nas comunidades cariocas, Josiane Santana dos Santos, de 33 anos e uma das fotógrafas do Favelagrafia, que reúne nove profissionais de nove favelas, encontrou nos ‘clicks’ a vontade de construir a própria história desses territórios. Mãe de Pietro, de 9 anos, a profissional atua no Complexo do Alemão e na Penha e destaca que, no seu processo criativo, as palavras ‘cuidado’ e ‘atencioso’ acompanham cada fotografia.
“Eu costumo dizer que o fotógrafo popular, de favela, ele tem a missão de levar o olhar de dentro para fora. Atualmente, a gente tá acostumado a ver uma narrativa que são contadas de fora para dentro, de pessoas que não são das favelas. Então, para mim, fotografar é um ato político. A gente tem esse papel social de construir narrativas contra as impostas, que são preconceituosas. Quero quebrar esse preconceito que as pessoas têm contra o nosso CEP!”, ressalta Josiane.