Segunda dose: Moradores de comunidade precisam completar a imunização contra Covid-19

Profissionais de saúde da Clínica da Família Felippe Cardoso relatam preocupação com a baixa procura

Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

A expectativa com a vacinação no ano de 2020 era grande. Muitos moradores de favelas tomaram a primeira dose e comemoraram o feito. Contudo, com o andamento das etapas de aplicação das vacinas na cidade do Rio, algumas pessoas não seguiram corretamente a imunização até o fim.

A Clínica da Família Felippe Cardoso é a unidade médica que atende a cerca de 41 mil moradores do Complexo de favelas da Penha, na Zona Norte da cidade do Rio. Uma média de 12 a 13 mil pessoas da comunidade conseguiram tomar a primeira dose, porém, segundo dados da clínica, mais de 50% delas não retornaram para a aplicação da segunda dose, o que gera preocupação nos profissionais de saúde.

O que dizem as profissionais de saúde 

Teste 3

A coordenadora da Clínica da Família Felippe Cardoso, Thamirys Lima, está preocupada com a situação de não retorno para a segunda dose e também com a rotina de trabalho. “Assim como a Zilda Arns, no Alemão, aqui virou rapidamente uma unidade de referência para testagem no início da pandemia, o que influenciou aquela intensa procura no início da vacinação contra a Covid, agora vemos o inverso daquele cenário inicial. Essa ausência das pessoas na segunda dose acaba afetando nossa rotina de trabalho, porque temos que nos mobilizar a buscar os indivíduos para completar a imunização”. 

Thamirys (esquerda) e Ligiane (direita) são as mulheres à frente da Clínica da Família Felippe Cardoso e falam da importância de buscar a segunda dose da vacinação para vencer a pandemia 
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Segundo Thamirys, fatores como as notícias falsas (fake news, no termo em inglês) sobre a vacinação atrapalham o serviço dos profissionais de saúde, pois muitos moradores acabam acreditando no que é repassado em aplicativos de mensagens, e isso gera um medo fantasioso sobre tomar ou não a vacina. 

Ligiane Rodrigues é a responsável técnica na Felipe Cardoso e enfatiza a importância de não tentar escolher a fabricante das vacinas. “Não existe contra indicações de vacinas, sejam elas Astrazeneca, Coronavac, Pfizer ou qualquer outra. As pessoas precisam entender que reações a qualquer vacina são normais, pior que estas reações é o paciente ficar internado ou vir a óbito por conta da Covid-19, tendo a vacina disponível”.

Expectativa pela vacina

Moradora do Complexo da Penha, Ana Regina Cilene, de 49 anos, levou a irmã Cátia para ser vacinada com a primeira dose e já está na expectativa com a segunda. “Estou ansiosa para a minha segunda dose, que vem só em agosto”. Ela faz um pedido aos moradores: “É muito triste as pessoas que têm essa oportunidade e não estão vindo. Eu não tive nada, sem reação nenhuma, o pessoal tem que vir se vacinar, é muito importante, e acabar logo com essa pandemia”.

Aqueles que receberam a primeira dose da vacina, podem conferir no Cartão de Vacinação a data para receber a segunda dose. As vacinas contra a Covid são seguras, porque passaram por rigorosos testes, podem causar reações como qualquer outra vacina (as reações passam em um ou dois dias) e protegem da forma grave da doença. A segunda dose garante a proteção completa de cada vacina. Quem não foi se vacinar na data da sua segunda dose, pode procurar uma unidade de saúde para completar sua vacinação (levar o Cartão de Vacinação em que está escrito qual a vacina da primeira dose).

É necessário ter responsabilidade com questões relacionadas à pandemia, principalmente com a segunda dose da vacina, porque somente com a colaboração de todos que a pandemia vai acabar.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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