Mestre muda a vida de jovens do Proença Rosa através das artes marciais

"Eu não ensino apenas a como lutar aqui dentro, mas como lutar lá fora, na vida”
Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades
Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Na comunidade do Proença Rosa em Honório Gurgel, zona Norte da cidade do  Rio, com apenas quatro meses de projeto, o professor de artes marciais Marlon Mamede vem transformando a vida dos alunos e da comunidade através do Muay Thai.

As favelas do Rio estão cercadas por violência, desemprego, falta de assistência, entre outros tantos outros problemas sociais. Em meio a tanta ausência das autoridades públicas, o professor de artes marciais e barbeiro Marlon Mamede, ou apenas mestre Mamede como é conhecido no Proença Rosa, está sendo peça fundamental na vida de diversas crianças e famílias da comunidade por meio do Muay Thai.

Trajetória do professor

Mamede, de 30 anos, foi criado na favela Guaxindiba Coelho Neto, há cinco anos mora no Proença Rosa e contou um pouco sobre sua trajetória. “O esporte me ajudou a sair das ruas da favela. Comecei também através de um projeto social e o esporte me ajudou a focar, me tornei lutador profissional de MMA. Para uma criança, jovem ou adulto, fazer uma arte marcial está saindo no valor de 80 reais, muitos da nossa comunidades não têm esse valor, é uma grande desigualdade social”.

Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Começo do projeto

Teste 3

Por isso que Marlon decidiu criar o projeto, como uma forma de dar aos moradores esta mesma oportunidade que teve de praticar uma luta e sem nenhum tipo de custo. Apenas a dedicação e respeito ao esporte como forma de pagamento.

O lutador usa suas economias da profissão de barbeiro para comprar os equipamentos de treino. Antes de formar seu projeto no Proença Rosa, o professor comandava as aulas na Vila Olímpica de Honório Gurgel mas perdeu o espaço. E com ajuda do líder comunitário Bruno Silva, em outubro conseguiu um galpão que estava inutilizado para voltar aos treinos. 

Comunidade envolvida

Atualmente, o professor tem mais de 200 alunos de diferentes bairros do Rio de Janeiro, que vão até a comunidade do Proença Rosa participar das aulas. O local é simples, com muitas goteiras em tempos de chuva, mas sobra carinho, esperança e vontade de mudar aquela realidade. O projeto se sustenta através de doações de alunos e moradores da localidade.

“O projeto é importante para a nossa comunidade, o professor veio com vontade de ensinar e ser inspiração para nossas crianças, e a comunidade o abraçou. Faz muita diferença na vida destas pessoas, porque é algo que ajuda a localidade que é esquecida pelas autoridades. Crianças, mães, pais, comerciantes, todos hoje acreditam no projeto e tentam ajudar de alguma forma”, contou Bruno.

Foto : Acervo Pessoal

A luta continua

“A caridade é dom de Deus, faço por amor. É gratificante ver o que tá acontecendo, ver o sorriso no rosto destas crianças por estar aprendendo uma cultura diferente, algo que eles não tiveram acesso. Não por opção, mas porque ninguém trouxe para eles. E isso aqui é uma forma de mostrar algo diferente que a comunidade tem para oferecer (…) Eu não ensino apenas a como lutar aqui dentro, mas como lutar lá fora, na vida.”

Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Para mais informações ou de doações para o projeto, é só entrar em contato pelo número 021 983412354 (Bruno Silva) ou através das redes sociais do Mamede Fight Team @projetomft.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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