Educadores negros de favelas criam o projeto Quilombo Moderno

Moradores de favelas da Zona Norte criaram o projeto com o intuito de promover o estudo de intelectuais negros, através da metodologia de leitura compartilhada

Durante esta pandemia do novo coronavírus, moradores periféricos criaram o projeto Quilombo Moderno. O projeto tem o intuito de promover o estudo de intelectuais negros através da metodologia de leitura compartilhada, como uma forma de minimizar as problemáticas que minaram a saúde mental de muitos moradores de favelas, que além de enfrentarem a Covid-19 também tiveram que lidar com questões de política.

A falta de assistência, operações policiais e falta d’água estão sendo alguns dos acontecimentos que cercam a vida dos moradores. Mediante o descaso das autoridades públicas, três jovens negros, educadores de favela, decidiram criar o Quilombo Moderno: Natália Brambila, comunicadora e arte educadora, moradora do Jacarezinho, Jessica Lene, estudante de pedagogia, moradora do Maguinhos, e Anderson Oliveira, estudante de Letras, morador do Complexo da Maré. 

“O Quilombo Moderno é importante porque estamos lendo intelectuais negros comprometidos com a luta antirracista e com a transformação da sociedade. Diante de um ano difícil, sentimos a necessidade de expandir o conhecimento de mulheres como Lélia González, Beatriz Nascimento e outras que fazem parte das Instituições mas que sofrerem com a invisibilidade. Queremos incentivar os jovens e adultos, moradores das favelas, que é possível ser intelectual sem perder a nossa essência. A favela produz mesmo passando por uma pandemia, somos potência e vamos avançar e transformar o meio acadêmico que ainda é muito elitista”, afirmou Jessica Lene cofundadora do projeto.

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Juntos e sem financiamento, deram início ao projeto que hoje alcança cerca de 1.700 pessoas indiretamente de todas as regiões do Brasil. Com isso, o Quilombo Moderno desenvolve a ideia de que a favela também pode ensinar, interligando e promovendo trabalho de estudantes e não estudantes negros, que estão no ensino superior ou se preparando para ocupá-lo.

Além disso, o projeto também promove trabalhos territoriais. Como no dia 12 de outubro, em homenagem às crianças negras a leitura infantil do livro Amoras do cantor Emicida. 

Para o ano de 2021, o Quilombo Moderno projeta uma articulação com pré-vestibulares sociais atuando cada vez mais na educação periférica. E a aquisição de um espaço físico para a primeira biblioteca preta nas favelas do Manguinhos e Jacarezinho, ambas na zona Norte da cidade do Rio. Conheça o projeto nas sua redes sociais @quilombomoderno, e os seus fundadores @ajessicalene, @eubrambilanatalia, @oandersonli.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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