Moradores relatam como é ter covid-19 pela segunda vez

Com aumento de numero de caso, a previsão é que tenha uma segunda onda do vírus pelo país
Foto: Alexandre Silva / Voz das Comunidades
Foto: Alexandre Silva / Voz das Comunidades

Cientistas de Hong Kong no dia 24 de agosto falaram pela primeira sobre um caso de reinfecção pela Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A pesquisa com a descoberta foi validada e publicada no Clinical Infectious Diseases, da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Até então, parecia mito que pessoas que tivessem sido infectadas fossem capazes de contrair o vírus mais uma vez. O que se ouviu muito nesse período de pandemia é que quem teve Covid estava imune, mas foram apenas especulações. Ainda estão em teste muitas situações relacionadas ao coronavirus e muitas notícias que se espalham sobre são falsas. Então, é preciso atenção às informações.

Afinal, Todo mundo que já teve Covid vai ter de novo? Não necessariamente. A ciência ainda não tem respostas a essa pergunta.

Teste 3

Não dá para dizer que quem já teve Covid está imune ou vai pegar novamente, pois isso depende de outros fatores. Mas o que é fato e podemos afirmar é que a pandemia não acabou e que é necessário continuar com os hábitos de lavar as mãos, usar máscara em locais públicos, evitar aglomerações e manter a higiene.

Novos casos no Alemão

Não tão distante de nós temos relatos de moradores que tiveram a doença pela segunda vez. É o caso da Ana Paula Santos, moradora da Paranhos, de 34 anos. Ela teve Covid, se curou e pegou novamente o coronavírus.

“Posso dizer que venci novamente o coronavirus. Tive a primeira vez a Covid em abril da forma branda e no mês de julho comecei a sentir alguns sintomas novamente, só que dessa vez um pouco pior. Idas e vindas do hospital, febre alta, tosse, cansaço e ninguém tinha a certeza do que eu tinha. Até que veio o diagnóstico de pneumonia no dia 25/07. No dia 27/07 saiu o resultado do swab: COVID detectado. E após fazer a tomografia obtive o diagnóstico de 25 a 50% de comprometimento pulmonar. Foram os dias difíceis mas graças a Deus estou bem melhor”, explica Ana Paula.

Ana Paula conta que foi diagnosticada com Covid pela segunda vez. Foto: acervo pessoal

Essa semana saíram muitas notícias sobre uma segunda onda do coronavírus. Diversos jornais e mídias em geral noticiaram que, com o aumento de numero de casos, está cada vez mais perto do que imaginávamos um novo isolamento social. Um dos alertas vem do pesquisador Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Em entrevista ao G1, o pesquisador afirma que já estamos vivendo uma segunda onda de Covid-19. Então, é necessário que quem não teve ainda se resguarde o quanto puder e quem já teve e sabe o quanto esse vírus pode ser fatal deve redobrar os cuidados.

A pandemia voltou a crescer no mundo. E no caso do Brasil, a taxa de infecção era de 1,12 em 16 de novembro, de acordo com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba. Isso significa que 100 pessoas irão infectar outras 112, que, por sua vez, irão infectar outras 125. Assim, a pandemia brasileira cresce exponencialmente.

E nas favelas do Rio, desde o inicio da pandemia, o número de óbitos tem crescido bastante, assim como os casos confirmados da doença, conforme o painel Covid-19 das favelas.

“Eu tive Covid pela primeira vez final do junho e pensei que ia morrer, acredito que tenha pego da minha patroa, que não acreditava na doença e não usava máscara. E como eu precisava trabalhar, acabei pegando”, diz Luellen, 29 anos, diarista, mãe de dois filhos e moradora da Fazendinha.

Luellen, que foi diagnosticada com Covid, teve os pulmões comprometidos, sentia muita dificuldade para respirar, fraqueza, dor no corpo, bastante dor de cabeça e precisou ser afastada do seu serviço. “No inicio de novembro, voltando para o trabalho, minha patroa apresentou mais uma vez os sintomas da Covid junto com sua filha. E eu precisei continuar trabalhando, como minha chefe não leva a sério a doença, disse que era apenas uma virose”.

Infelizmente, a virose da patroa da Luellen era Covid e contaminou mais uma vez a diarista, que está com todos os sintomas e demorou para confirmar a doença e começar a medicação por não ter plano de saúde. “Eu trabalho de carteira assinada, fiquei em casa dois dias e no terceiro dia precisei voltar a trabalhar, mas eu só piorei. Fui para a Clínica da família e a médica me disse que ninguém estava imune à doença e que era possível o coronavírus voltar a atuar no meu corpo, pois não existe ainda vacina”.

Luellen está em casa mantendo o isolamento, muito debilitada, cuidando dos seus dois filhos. Ela espera o quanto antes se recuperar para poder voltar ao trabalho e trazer o sustento da família.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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