A expansão do novo coronavírus nas periferias vem preocupando moradores, principalmente os que foram contaminados. Rayllane Andrade, de 26 anos, e Luiz Henrique, 25, moram no agrupamento de favelas Juliano Moreira, em Curicica, comunidade localizada em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, e tiveram Covid-19. As maiores preocupações do casal eram com o filho de 3 anos e com a saúde de Rayllane, que faz parte do grupo de risco.
“Nos preocupamos bastante, muito mesmo, mas graças a Deus nosso filho não teve nenhum sintoma. Assim que apresentei os sintomas, fiquei bastante preocupada também, porque eu tenho uma doença autoimune chamada Lúpus, então minha imunidade é muito baixa e eu faço parte do grupo de risco”, conta Rayllane.
Devido a doença pré-existente da jovem, ela faz uso do medicamento de hidroxicloroquina há mais de um ano. Entretanto, alega não saber se o remédio ajudou na recuperação, pois não há garantia de eficácia do medicamento contra o novo coronavírus.
Teste 3
Luis Henrique, marido de Rayllane, testou positivo e apresentou dores de cabeça fortes que duraram em torno de uma semana. Rayllane não fez o teste, mas apresentou sintomas da doença. “Eu comecei a ter muita dor no corpo e perdi completamente o olfato e o paladar. Era uma coisa que eu nunca tinha sentido antes. O meu nariz ficou ressecado, mas não tinha coriza. Eu tentava umedecer com soro para amenizar, porque ardia ao respirar”, relatou.
Apesar de Rayllane fazer parte do grupo de risco, ela e o marido não apresentaram os sintomas mais graves. Entretanto, um amigo próximo da família foi internado com falta de ar e 50% do pulmão comprometido.
Rayllane seguiu as medidas de isolamento social, estava desempregada e ficava em casa com o filho. Luis Henrique foi afastado do trabalho. Ele atua numa área que exige contato com o público. Atualmente, ambos estão trabalhando e, devido ao atual cenário de pandemia e fechamento das escolas, o filho passa o dia com uma cuidadora de confiança da família.
“A empresa do meu marido toma todos os cuidados e a minha também. Foi uma mudança radical e eu tenho certeza que a gente vai levar pra vida toda, até mesmo os costumes. Depois que passar a pandemia, acho que ninguém mais vai tirar álcool em gel da bolsa.”
Contudo, muitos moradores não respeitam o distanciamento social em comunidades do Rio. Embora o agrupamento de favelas Juliano Moreira não esteja no painel de casos de Covid-19, há casos confirmados na localidade.